14 julho 2008

A caminho de uma surpresa?

A caminho de uma surpresa?

Será que um ataque militar contra o programa nuclear do Irão é inevitável? Nas últimas semanas, uma série de exercícios militares e declarações políticas criaram uma forte impressão de que ou Israel ou os EUA serão forçados a atacar as instalações nucleares iranianas antes do final da Administração W. Bush em Janeiro de 2009. A tensão entre o Irão e Israel, EUA, vizinhos regionais e as capitais dos países europeus não é nova. Se olharmos para os últimos cinco anos, vemos que o que não tem faltado são rumores de guerra por causa das ambições nucleares iranianas. O que parece ser novo é a avaliação de Israel em relação à evolução do programa nuclear de Teerão. Segundo alguns jornais israelitas, Telavive terá concluído recentemente que o Irão estará em condições de ultrapassar um importante patamar nuclear em 2009. Todavia, não é claro que patamar é este.

Telavive tem os soldados e os meios militares - caças F-15I Raam, F-16I Soufa, reabastecedores KC-707 e submarinos equipados com mísseis de cruzeiro - para atacar os pontos-chave do programa nuclear iraniano. Um ataque israelita contra Natanz, Arak, Bushehr e Isfahan causaria atrasos substanciais, mas, pormenor importante, não poria fim às ambições nucleares iranianas. Partindo do pressuposto de que a Turquia não autorizará que o seu espaço aéreo seja usado num ataque contra o Irão, a Força Aérea israelita terá de atravessar a Jordânia e o Iraque para conseguir chegar às instalações nucleares iranianas. O reabastecimento e as operações de busca e salvamento teriam de ser feitas usando o espaço aéreo e o território iraquiano. Se tivermos presente que os EUA controlam actualmente aquele espaço aéreo, a possibilidade de Telavive realizar uma operação aérea deste tipo sem a cooperação política e militar de Washington é nula. No entanto, o preço político desta cooperação seria extremamente elevado para os EUA. Numa situação destas, a Casa Branca poderá concluir que então o melhor seria Washington levar a cabo uma operação aeronaval mais vasta não só contra o programa nuclear mas também contra toda a infra-estrutura política, industrial e militar do regime iraniano.

Cenários deste tipo têm enchido as páginas dos jornais e revistas e os ecrãs de televisão nas últimas semanas, mas, vendo bem, são improváveis por três tipos de razões. A primeira tem a ver com o verdadeiro destinatário da pressão militar israelita. Parte desta pressão é claramente dirigida a Washington e sobretudo aos países europeus que têm liderado a negociação nuclear com o Irão. Dito isto, a maior parte da pressão israelita tem por alvo os decisores iranianos, que parecem estar bastante divididos em relação ao caminho seguido pelo seu Presidente Mahmoud Ahmadinejad e pelos Guardas Revolucionários. Além disso, Israel pode estar à beira de um importante acordo com a Síria, um acordo que, a concretizar-se, deixará o país bem mais seguro, mas prejudicará o Irão e os seus interesses no Líbano. Tentar influenciar o processo de decisão iraniano nos próximos tempos e evitar a instrumentalização do Hezbollah pelo Irão é particularmente importante para Israel.

A segunda razão tem a ver com as prioridades estratégicas dos militares americanos. À medida que a situação no Iraque tem vindo a melhorar, o Afeganistão é cada vez mais importante no planeamento militar norte-americano. Um ataque contra o Irão colocaria em risco tudo o que foi conseguido recentemente no Iraque, tornaria impossível a transferência de unidades para o Afeganistão e abriria uma terceira frente de guerra para os militares americanos. Como é de esperar, no Pentágono o entusiasmo por uma operação israelita ou americana contra o Irão é nulo. Na sua recente passagem por Israel, o almirante Michael Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, terá comunicado à liderança militar israelita a oposição oficial da Administração Bush a um ataque contra o Irão.

Por último, as notícias das últimas semanas escondem desenvolvimentos cruciais do ponto de vista geopolítico. O problema nuclear do Irão está intimamente ligado à questão do poder e influência no Golfo Pérsico. A guerra pelo Iraque, uma guerra que longe dos nossos olhos está a caminho do fim, também. Nos últimos meses, Teerão e Washington têm tentado conciliar os seus objectivos para o Iraque. O Irão não quer voltar a ser atacado pelo Iraque e não tem interesse em voltar a ter um vizinho forte e ambicioso. Washington quer um Iraque capaz de garantir os equilíbrios geopolíticos e energéticos no Golfo Pérsico. Conciliar estes interesses antagónicos não está a ser fácil, mas, no meio de avanços e recuos, americanos e iranianos têm vindo a fazer este caminho. Um entendimento geopolítico entre os EUA e Teerão não está para breve e dependerá acima de tudo das opções do regime iraniano nos próximos tempos. Neste momento vale a pena ter em conta estes três pontos. Em vez da guerra anunciada, é possível que 2009 nos reserve uma evolução importante no relacionamento do Irão com os EUA.

Rupert Smith e a arte da guerra

Como é que a força militar deve ser usada hoje em dia? Uma das melhores respostas a este importante problema estratégico foi dada recentemente pelo general Rupert Smith, um dos mais brilhantes oficiais ingleses das últimas décadas. O general Smith defende que entrámos numa nova era do conflito, uma era caracterizada acima de tudo pela realidade da "guerra entre o povo". As consequências conceptuais e práticas desta nova era para os decisores políticos, militares, estrutura de forças, doutrina e treino são particularmente exigentes. O livro de Rupert Smith, 'A Utilidade da Força: A Arte da Guerra no Mundo Moderno' (Lisboa, Edições 70, 2008), é indispensável para compreendermos como é que o processo de decisão político-militar se deve adaptar à nova era da violência.

Fonte Expresso

Nota: Mais uma guerra prevista para o Governo Bush. Os rumores cada vez são maiores. A intensidade dos sinais previsto em Mateus 24:3-8, a tempo, já se tornaram fortes suficientes para crermos que, agora mais do que nunca, precisamos pregar o evangelho para todas nações. Cristo disse que isto seria apenas o princípio das dores. Cada dia as dores se tornam mais constantes. Oremos a Deus pedindo misericórdia por aquele povo que já sofre a muito tempo.