Um novo remédio, criado a partir de um fungo, pode ser a nova esperança para curar vários tipos de câncer. A droga, chamada de lodamina, foi descoberta acidentalmente após contaminar um experimento. Ela foi aperfeiçoada no último trabalho de Judah Folkman, considerado um dos maiores especialistas em câncer do mundo. Folkman, morto no início deste ano, foi o pioneiro da chamada antiangiogênese - uma estratégia que consiste em matar os tumores de fome, acabando com os vasos sangüíneos que os alimentam.
A lodamina é um inibidor de angiogênese (formação de vasos sangüíneos) que a equipe de Folkman está tentando melhorar há 20 anos. A descoberta, que já está licenciada para uma empresa de biotecnologia dos Estados Unidos, foi publicada em um artigo da revista científica Nature Biotechnology. De acordo com os cientistas, o remédio seria tomado em forma de comprimidos e não teria efeitos-colaterais.
Os testes, realizados em camundongos, mostraram que o medicamento combate tumores de mama, neuroblastomas, cânceres de ovário, de próstata, de útero e tumores cerebrais, que são conhecidos como glioblastomas. Segundo Ofra Benny do Hospital Pediátrico de Boston e da Escola Médica de Harvard, a droga deteve os chamados tumores primários - os primeiros a aparecer no organismo - e também impediu que a doença se espalhasse para outros focos no corpo. "Ao ser administrada oralmente, ela atinge primeiro o fígado, o que a torna especialmente eficaz na prevenção de metástases (formas secundárias do tumor) hepáticas em camundongos", escrevem os pesquisadores, segundo o artigo.
Para os cientistas, a lodamina poderá ser usada contra outras doenças ligadas ao crescimento anormal dos vasos sangüíneos, como a degeneração macular ligada à idade, problema de visão que pode levar à cegueira.
Fonte Revista Veja