Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o divergente. Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e idéias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto.
Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: "O que o senhor disse não é a verdade". O pregador indignou-se: "Como não é verdade? Eu anunciei o que foi revelado pelos céus!" O objetante retrucou: "Existem três verdades. A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira". Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um náufrago à tábua que o mantém à tona. Não é capaz de ver o outro como outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo. Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.
Tolerância não é sinônimo de tolice. O tolerante não desata tempestade em copo d’água, e jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte. Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu, incentiva disputas e guerras, dissemina ódio em vez do amor. Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não contabiliza ações e reações do ser amado e faz da sua vida um gesto de doação.
Frei dominicano. Escritor.
Fonte SRZD
Nota: Este é um pequeno recado para os intolerantes religiosos que acreditam que possuem a Verdade Absoluta. O caldo está engrossando. A fogueira está prestes a acender novamente.