12 setembro 2008

'Laicismo positivo nega a intolerância', afirma número dois do Vaticano

CIDADE DO VATICANO (AFP) — Na véspera da visita à França do Papa Bento XVI, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, declarou à AFP que o "laicismo positivo nega a intolerância ou a hostilidade".

"Ninguém deve ser obrigado a crer e ninguém deve ser impedido de crer" [mas sim a obedecer], escreveu o número dois do Vaticano em reação ao conceito de "laicismo positivo" mencionado pelo presidente francês, o conservador Nicolas Sarkozy em um discurso feito no final de 2007 em Roma.

Estes são os principais trechos desta declaração, originalmente em francês, dedicada essencialmente às relações entre Igreja e Estado.

Sobre a Igreja e o laicismo positivo, o cardeal Bertone considera que "a Igreja (...) pode deixar clara a sua opinião sobre um ou outro aspecto da legislação de um país, se ficar evidenciado que se distancia da lei natural [Leia-se: os Dez Mandamentos Católicos] ou do bem comum [Leia-se: Proteção ao Meio Ambiente e à Família]. Ao mesmo tempo deve respeitar e ser respeitada. Respeitar não significa fazer pactos ou ser indiferente, e sim observar com atenção e inclusive admiração, ao mesmo tempo que se conserva a liberdade de divulgar o que deve ser retificado[leia-se: a Guarda do Domingo] ou modificado".

Acrescenta que "a laicidade positiva rejeita a intolerância ou a hostilidade; respeita, anima e busca engrandecer o outro para levá-lo a se superar e a dar o melhor de si. Ninguém deve ser obrigado a acreditar, pois Deus quer a adesão de um homem livre; ninguém deve ser impedido de acreditar, pois a profissão e o exercício da fé fazem parte dos direitos imprescritíveis do homem".

Sobre as relações entre a Igreja e o Estado, Bertone afirma: "parece-me que é preciso levar em consideração o ensino do evangelho 'dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus' [Leia-se: Domingo, Dia do Senhor]. As competências próprias da Igreja e do Estado não devem ser confundidas nem ignorados, mas devem atuar de maneira harmoniosa e complementar, cada um em seu campo específico, para trabalhar pela felicidade do homem [Leia-se: Proteção ao Meio Ambiente e à Família] (...).

"O Estado assegura, pelas leis e a regulação da vida social, uma felicidade terrestre legítima e necessária. A Igreja explica, pela apresentação da lei divina[Leia-se: Dez Mandamentos Católicos], o anúncio do Evangelho e a vida dos sacramentos, as condições de felicidade eterna (...). As leis do Estado valem para todos, o chamado de Deus vale para todos (...) a Igreja e o Estado trabalham pelo bem da mesma pessoa humana. Por isso, como o diz o Concílio Vaticano II, uma 'sã colaboração' é sempre preferível".

Bento XVI vai encarar o mundo acadêmico e laico em Paris

O Papa Bento XVI vai encarar na sexta-feira em Paris o mundo da cultura e acadêmico francês, com o qual abordará um dos temas mais polêmicos e importantes de seu curto pontificado: o papel do cristianismo na sociedade contemporânea. [leia-se: Crises Globais como: Aquecimento Global, Fome, Crise Financeira, Guerras e etc.]
Dois anos depois da memorável dissertação pronunciada aos acadêmicos da Universidade alemã de Ratisbona, que gerou fortes tensões com o mundo muçulmano ao ter relacionado fé, razão, violência e Islã, Bento XVI conversará com cerca de 700 intelectuais franceses sobre vários assuntos espinhosos.
Brilhante teólogo, autor de vários livros, Bento XVI presidirá uma conferência no dia de sua chegada à capital francesa, em 12 de setembro, a um seleto público de intelectuais no Collège des Bernardins, centro de pesquisa e debate da Igreja católica francesa. "Este será sem dúvida um momento grandioso", comentou um prelado italiano.
"A viagem para a França permitirá ao Papa voltar a falar de um tema chave de seu pontificado, que é o papel da religião em nível público nas sociedades ocidentais, num momento em que o cristianismo tem se enfraquecido", explicou à AFP Marco Politi, vaticanista do "La Repubblica".
Bento XVI considera que o cristianismo no mundo de hoje deve servir de "ponto de referência porque o povo perdeu a confiança na razão".
O peso e os valores da religião católica na sociedade moderna serão analisados pelo Papa alemão também no mesmo dia com o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
"O Papa pronunciará um discurso claro sobre um laicismo sadio e também dirá palavras luminosas sobre a cultura ao mundo acadêmico", antecipou o cardeal francês Jean Louis Tauran, presidente do pontifício conselho para o diálogo inter-religioso, que acompanhará o Papa durante a viagem à França.
O conceito de "laicismo positivo" defendido por Sarkozy com o mesmo Pontífice durante seu primeiro encontro no Vaticano em dezembro de 2007 foi muito bem recebido pela hierarquia da Igreja, que espera passos nesta direção.
"Esperamos que este conceito de laicismo, aberto à religiosidade, passe aos poucos para os fatos", declarou o número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, ao jornal católico francês La Croix.
Bento XVI, que foi eleito quando era cardeal em 1992 pela prestigiosa Academia das Ciências Morais e Políticas da França sucessor do dissidente russo Andrei Sajarov, é um admirador da cultura clássica francesa e fala perfeitamente o francês.
Após ser eleito ao trono de Pedro em 2005, Bento XVI lançou uma verdadeira campanha contra o laicismo e o relativismo que assola sobretudo a Europa, temas centrais de seus discursos mais importantes.
Suas posições, tachadas por alguns de conservadoras, desatou a ira do mundo muçulmano em 2005, assim como de setores puramente universitários, como ocorreu em janeiro deste ano, quando teve que desistir de pronunciar um discurso na Universidade de Roma La Sapienza após os protestos de professores e estudantes.
"O Papa defende seu direito de falar em espaço laico e fala como representante de uma comunidade que conserva como tesouro o conhecimento e experiências éticas importantes para toda a Humanidade. Fala como representante de uma razão ética", explicou então o pontífice teólogo.
Nota: Não restam dúvidas quanto ao desejo da Igreja Católica de impor suas leis em todos os países. Laicismo está sendo combatido de todas as formas por Bento XVI, pois desta maneira poderá ele trabalhar para impor as leis católicas para o mundo. Agora com a filosofia de um laicismo positivo a Igreja e o Estado estarão trabalhando juntos para combater o Aquecimento Global e proteger a família de forma que ninguém, que se coloque contra, possa ficar impune. Oremos a Deus para concecer-nos forças para permancermos fiéis até o fim.