De acordo com a projeção, realizada por Mesel e pela geógrafa Maria de Fátima Moreira, os terrenos que sofrerão maior impacto são: a comunidade do Bode, o do aeroclube e o da rádio da marinha. Desses, o que tem densidade populacional maior é a do Bode (são cerca de 10 mil habitantes, a maioria de baixa renda). "Não será como um tsunami. Serão invadidos pela água lentamente. Só não é possível dizer com segurança quando isso acontecerá. O aquecimento pode estar mais acelerado do que pensamos e o impacto depende das medidas que os governos tomarem para evitar os estragos", afirma Mesel. Nos últimos cem anos, a temperatura mundial subiu 0,7°C, dizem os cientistas. Pode chegar a 5,5°C, no pior cenário, até o final do século, com o crescimento das emissões de gases do efeito estufa sobre a terra. O nível do mar aumentaria com o derretimento do gelo da Antártica, das ilhas árticas e das geleiras de montanhas.
O mapa (Veja ao lado) apresentado pelo representante da Sociedade Nordestina de Ecologia, Organização Não Governamental (Ong), sediada no Recife, aponta ainda os impactos sobre Ipsep, Joana Bezerra, Iputinga, Apipucos, Caçote, Jiquiá, Estância, Areias e Ilha do Retiro. "Boa Viagem teria prolongamento do mar, mas ashabitações não seriam atingidas imediatamente. Só com uma elevação de um metro", crê Mesel. O trabalho foi realizado de forma independente, apesar de a prefeitura da cidade ter facilitado informações cartográficas. Os estudiosos pretendem apresentá-lo aos secretários do meio ambiente e planejamento.
A Ong trabalha desde junho na versão preliminar dos efeitos do aquecimento sobre o Recife. Usou um plano cartográfico e fez cerca de mil fotografias das regiões para medir a profundidade do solo de cada parte do município. Como há variações na altura de cada terreno, nota-se que nem sempre os mais afetados compõem a região litorânea - podem estar perto de um rio. Além do Recife, a cidade do Rio de Janeiro destaca-se entre as mais vulneráveis à eventual elevação do nível mar. Cerca de 25% das cidades do litoral podem ser afetadas no Brasil.
Fonte Diário de Pernambuco