18 fevereiro 2009

Elevação do nível do mar poderá afetar bairros

Pina, Imbiribeira e Afogados serão os primeiros bairros do Recife a ficarem parcialmente submersos pela água do mar, caso o aquecimento global não seja contido até 2100. Eles também terão uma área maior de comprometimento - algumas não habitadas, se o nível da água aumentar entre 40 cm e 60 cm. Outros nove bairros estão na lista dos mais afetados na capital. É o que revela estudo até então inédito apresentado ontem pelo ambientalista Marcelo Mesel, da Sociedade Nordestina de Ecologia, e pelo Greenpeace. Mesel foi um dos palestrante da oficina para jornalistas promovida pelo Greenpeace, Ong com atuação internacional que atracou o navio Arctic Sunrise na cidade desde a quinta-feira para lançar a campanha "Salvar o planeta. É agora ou agora".

De acordo com a projeção, realizada por Mesel e pela geógrafa Maria de Fátima Moreira, os terrenos que sofrerão maior impacto são: a comunidade do Bode, o do aeroclube e o da rádio da marinha. Desses, o que tem densidade populacional maior é a do Bode (são cerca de 10 mil habitantes, a maioria de baixa renda). "Não será como um tsunami. Serão invadidos pela água lentamente. Só não é possível dizer com segurança quando isso acontecerá. O aquecimento pode estar mais acelerado do que pensamos e o impacto depende das medidas que os governos tomarem para evitar os estragos", afirma Mesel. Nos últimos cem anos, a temperatura mundial subiu 0,7°C, dizem os cientistas. Pode chegar a 5,5°C, no pior cenário, até o final do século, com o crescimento das emissões de gases do efeito estufa sobre a terra. O nível do mar aumentaria com o derretimento do gelo da Antártica, das ilhas árticas e das geleiras de montanhas.

O mapa (Veja ao lado) apresentado pelo representante da Sociedade Nordestina de Ecologia, Organização Não Governamental (Ong), sediada no Recife, aponta ainda os impactos sobre Ipsep, Joana Bezerra, Iputinga, Apipucos, Caçote, Jiquiá, Estância, Areias e Ilha do Retiro. "Boa Viagem teria prolongamento do mar, mas ashabitações não seriam atingidas imediatamente. Só com uma elevação de um metro", crê Mesel. O trabalho foi realizado de forma independente, apesar de a prefeitura da cidade ter facilitado informações cartográficas. Os estudiosos pretendem apresentá-lo aos secretários do meio ambiente e planejamento.

A Ong trabalha desde junho na versão preliminar dos efeitos do aquecimento sobre o Recife. Usou um plano cartográfico e fez cerca de mil fotografias das regiões para medir a profundidade do solo de cada parte do município. Como há variações na altura de cada terreno, nota-se que nem sempre os mais afetados compõem a região litorânea - podem estar perto de um rio. Além do Recife, a cidade do Rio de Janeiro destaca-se entre as mais vulneráveis à eventual elevação do nível mar. Cerca de 25% das cidades do litoral podem ser afetadas no Brasil.

Fonte Diário de Pernambuco