09 fevereiro 2009

Incêndios devastam sul da Austrália e deixam população alarmada

Sydney (Austrália), 9 fev (EFE).- As autoridades australianas alertaram hoje à população de que o pior dos incêndios ainda não passou, apesar dos pelo menos 200 mortos, 750 imóveis destruídos e 340 mil hectares de terrenos devastados pelo fogo nos estados de Victoria e Nova Gales do Sul.

Os bombeiros encontraram corpos em 21 localidades, algumas das quais ficaram devastadas, como Kinglake, com 33 mortos, e Marysville, com 12.

O Hospital Alfred, de Melbourne, a capital de Victoria, atendeu, até o momento, 20 pessoas com queimaduras graves, e outras dez foram internadas na unidade de terapia intensiva.

Pelo menos 28 focos continuam ativos em Victoria, mas causam preocupação especialmente aos bombeiros três pontos que ameaçam várias áreas habitadas: o de Churchill (sudeste), o de Beechworth (nordeste) e o de Taggerty (nordeste).

O Departamento de Defesa australiano enviou uma equipe especial de 200 membros dos Exércitos de Terra, Mar e Ar para participar das tarefas de contenção, que já contam com três mil bombeiros e milhares de voluntários.

Os estados vizinhos Austrália do Sul, Tasmânia, o Território da Capital, Austrália Ocidental e Nova Gales do Sul também forneceram reforços, e, da Nova Zelândia, uma equipe de 100 especialistas chegará em 24 horas.

Até agora, cinco mil pessoas se registraram como evacuados, enquanto centenas decidiram se refugiar em seus carros ou em estabelecimentos comunitários.

Começam a surgir também atritos entre os deslocados e os corpos de segurança, pois alguns cidadãos querem voltar para casa para saber o que aconteceu e o que conseguiu se salvar.

O subdiretor da Polícia de Melbourne, Kieran Walshe, explicou que os deslocados só poderiam começar a voltar às suas residências assim que se tiver certeza de que não há mais mortos nos locais e até que os peritos e investigadores tenham coletado todas as provas das quais necessitam.

A Polícia de Victoria acredita que vários dos incêndios foram provocados, e tratará todos os lugares devastados pelas chamas como cenários de um crime, mesmo que não tenham sido registradas mortes no local.

Em Nova Gales do Sul, um homem de 31 anos e um jovem de 15 foram acusados de ter provocado dois focos de incêndio.

"O que se pode dizer sobre alguém assim? Não há palavras para descrevê-lo, é um assassino em massa", afirmou pela televisão, visivelmente emocionado, o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, sobre os incêndios.

O premiê anunciou que o Exército instalará 600 tendas de campanha para acomodar temporariamente as pessoas deslocadas, enquanto os serviços sociais começaram a distribuir ajuda humanitária aos desabrigados.

As ajudas econômicas para os afetados não param de chegar, e se somam ao fundo de dez milhões de dólares australianos (US$ 6,7 milhões) que o Governo anunciou no domingo para os deslocados.

Várias redes de supermercados destinarão a receita obtida em um dia às vítimas, enquanto o Serviço dos Correios doou um milhão de dólares australianos.

Somaram-se à campanha de solidariedade todos os Governos estaduais da Federação da Austrália, assim como o Governo da Nova Zelândia.

O Exército de Salvação, que criou uma divisão especial para as vítimas, recebeu doações no valor de dois milhões de dólares australianos (US$ 1,34 milhão) em menos de 24 horas.

"Isto é só o começo. Eu digo ao povo de Victoria que a Austrália está com vocês e vamos reconstruir as comunidades (destruídas)", prometeu o primeiro-ministro australiano.
Enquanto no sudeste as chamas são combatidas, o norte do país registra fortes inundações devido a dez dias de chuvas intensas.

No estado de Queensland, três pessoas foram dadas como desaparecidas, entre elas uma criança de cinco anos.

Aproximadamente 60% do território de Queensland foram declarados zona de catástrofe, e o prejuízo chega a 187 milhões de dólares australianos (US$ 125 milhões).

Hoje, as autoridades informaram que as enchentes começam a diminuir, mas os meteorologistas acreditam que as chuvas devem continuar por pelo menos mais uma semana. EFE
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