09 janeiro 2009

Uma Questão de Escolha

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Isaías 55: 8, 9.


Um dia meu filho chegou para mim e me pediu cinqüenta reais, ele tinha apenas dez anos de idade. Eu perguntei para ele o que iria fazer com cinqüenta reais, ele me disse que queria comprar alguma coisa, mas não sabia o que. Nós estávamos de férias em uma outra cidade, era normal que todos desejassem comprar algo pra levar de recordação. Então, eu conversei com ele e disse que cinqüenta reais era muito para um garoto de 10 anos, eu propus dez, ele baixou para trinta, e fechamos em vinte reais. Ele é um bom negociador. Não me interessei muito no que ele iria comprar, deixei que ele mesmo escolhesse.


Quando chegamos ao local onde estávamos hospedados, eu perguntei o que havia comprado, ele vem cheio de felicidade com um monte de revistas em quadrinhos, eu vi que ele estava feliz, porém fiquei muito entristecido, pois aquilo não o ajudaria espiritualmente, mas como vi a felicidade em seus olhos, resolvi esperar um pouco para poder conversar com ele sobre o assunto.


Dois dias depois estávamos em nossa casa, eu voltei ao trabalho e ele ainda se encontrava de férias, então ficou em casa com minha esposa. Ao chegar para o almoço, eu encontrei-o à mesa de jantar lendo as revistas que havia comprado. Troquei de roupa, orei ao Senhor e vi que aquela era a hora de termos a nossa conversa. Assentei-me na cadeira ao lado da dele e fiz uma proposta, eu sabia que ele gostava muito das revistas do Nosso Amiguinho, ele tem um monte delas, então propus uma troca; eu daria cinco revistas do Nosso Amiguinho, das quais ele ainda não tinha, mas em troca devia dá fim às revistas que havia comprado. Ele ficou pensando e disse que queria as cinco revistas do Nosso Amiguinho, mas também queria continuar com as outras. Então, eu expliquei que aquelas revistas não serviriam para sua edificação espiritual, e que devia escolher, pois não poderia ficar com as duas. Eu vi as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, ele dizia: Eu quero as revistas do Nosso Amiguinho, mas também quero estas outras, o que eu faço? Eu perguntei se estava difícil de escolher, ele disse que sim. Perguntei também se ele sabia qual a decisão certa a fazer, ele respondeu que sabia. Então pedi a ele que fosse ao seu quarto e orasse ao Senhor para solicitar forças para tomar a decisão correta. Ele foi...


Vou dá uma pausa antes de chegar ao final da história.


Deus não nos obriga a segui-LO, não existe coesão, não é usada a força, nada, apenas o poder da escolha de cada ser humano. Mas esta escolha só é aceita por Deus se for completa, Ele não aceita divisão. Ou somos, ou não somos. Não podemos escolher a Deus e continuar vivendo os prazeres da carne e do mundo, Ele não aceita este tipo de escolha.


Quantos de nós estamos entre a cruz e mundo! Queremos o céu, mas também queremos o mundo. Queremos ser salvos vestindo a mesma roupa que o mundo veste. Queremos ser salvos ouvindo e cantando a mesma música que mundo ouve e canta. Queremos ser salvos comendo a mesma comida que o mundo come. Queremos ser salvos, mas queremos levar conosco as nossas vontades, os nossos pensamentos, os nossos caminhos, os nossos desejos.


Se você se encontra desta forma eu tenho uma notícia para lhe dar: Deus não aceita isto! O convite de Deus é: “Deixe o ímpio os seus caminhos e seus pensamentos, pois os meus caminhos e meus pensamentos são diferentes e mais sublimes do que os seus”. É isto, ou devemos considerar o céu algo impossível de ser alcançado. Aceitamos assim o convite, ou, infelizmente, não estaremos lá. Deus não nos força a aceitar, você é livre para escolher, mas também Deus é livre para escolher a quem levar.


Deus olha para este mundo e só ver apenas dois tipos de pessoas; aqueles que desejam aceitar o convite da forma como Ele faz e aqueles que não desejam. Ele não ver católicos, batistas, metodistas, presbiterianos, adventistas, evangélicos, budistas, mulçumanos, etc. Não. Ele não ver desta forma. “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, vigiando os ímpios e os justos”. Provérbios 15: 3. Assim Ele ver, ímpios e justos. Os ímpios e os justos estão em todos os lugares, inclusive dentro da igreja.


Na história de Caim e Abel vemos o claro exemplo destes dois tipos de pessoas.


“Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o final do tempo” Patriarcas e Profetas, pág. 72.


Caim era aquele que sempre questionava as determinações do pai. Não prestava atenção nas instruções divinas dados por Adão. Achava que era um saco ter que ficar ouvindo sermões e palestras falando sobre o que Deus queria e o que Deus não aceitava. Foi da descendência de Caim que surgiu a poligamia, isso significa dizer que ele representa aqueles que gostam de ficar com uma moça aqui e outra ali. Não levava o cristianismo a sério. “Eu não aceito isto, Deus tem que aceitar-me como quero”, era isso, precisamente, o que suas ações diziam. Achava o pecado de Adão e Eva uma besteira, “o que tinha haver uma simples fruta com todos os sofrimentos a eles impostos”. “Isto não tem nada de mais, podemos fazer isso e aquilo, quem não faz é por que é extremista”, era o seu pensamento, ele mesmo julgava Deus extremista e arbitrário. Sempre quando lhe era chamada atenção, dizia para o pai: “É culpa sua vivermos desta maneira”. “Quem é o senhor pra me chamar atenção”?! “Deixa-me viver a minha vida, eu gosto assim e quero continuar assim, Deus tem que me aceitar desta forma”. Não aplicava os ensinamentos para sua vida. Sempre apontava os erros do pai e da mãe como desculpa para os seus. Era orgulhoso.


Quanto a Abel, ele era o filho obediente, sempre gostava de prestar atenção no culto, aprendia as instruções e colocava em prática em sua vida. Sempre quando Caim cometia algo de errado, lá estava Abel para lhe aconselhar, porém Caim lhe dizia: “Lá vem você com esse assunto de novo”! “Você quer ser muito santo, sabia”?


Todos os dois foram ensinados da mesma forma, receberam a mesma orientação. A Religião de Abel e Caim, aparentemente, eram iguais. Freqüentavam os mesmos cultos, a mesma igreja. Foram educados na mesma escola. Sabiam da vontade de Deus e como Ele aceitava a adoração. Abel e Caim construíram os altares com as suas próprias mãos. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer uma oferta, porém, não obedeceu completamente, este foi o erro. A obediência precisa ser completa, a obediência parcial não é aceita. Cristo disse: “quem comigo não ajunta, espalha”; disse também: “quem não é por mim é contra mim”; e também: “se queres me seguir, renuncie a você mesmo”.


Precisamos entender que, desde que o pecado entrou no mundo, nada há em nós que seja bom. Nossas vontades, nossos pensamentos, nossos desejos não correspondem ao desejo e vontade de Deus. Precisamos de Cristo, de Seu sacrifício para nos purificar a mente e o caráter. O primeiro passo é ser humilde, reconhecer o pecado e aceitar as determinações de Deus para nossa vida.


Antes de Caim cometer o primeiro homicídio foi dada a ele a oportunidade de escolha:


“Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? E por que está descaído o teu semblante? Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? E se procederes mal, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar”. Gênesis 4: 6, 7.


Ele escolheu o mal, isso o levou a mata seu irmão, recusando ouvir a admoestação Divina. Mesmo após ter escolhido o mal, Deus concedeu a ele nova oportunidade de arrependimento para confessar seu pecado. “Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?” Gênesis 4: 9. Deus queria que Caim confessasse seu pecado, mas ele recusou a oportunidade Divina. Faltou-lhe humildade.


Cristo passou trinta e três anos de Sua vida terrena e toda a eternidade se preparando para proferir o seu Maior Discurso para a humanidade, e suas primeiras palavras foram: “Bem-Aventurado os humildes de espírito, por que deles é o reino dos céus” Mateus 5:3. Estas palavras estão cheias de significados para nós e nelas consiste tudo que é necessário para a caminhada cristã. Não posso sozinho, preciso de ajuda, esta ajuda vem da Cruz. Foi isto que faltou a Caim, confiar na Cruz, no sacrifício de Cristo para salvação. Caim confiou nele mesmo, em sua própria força, em seus próprios desejos e impulsos, foi este o seu erro.


Cada palavra de fé proferida, cada sermão pregado, cada orientação e conselho dado à luz da palavra de Deus devem ser aceitos como uma prova do amor de Deus. Ele deseja nos salvar, por este motivo não podemos fazer caso das orientações divinas contidas na palavra de Deus. Muitos não levam a sério, acham que é bobagem, alguns até inventam desculpas e pretextos para viver da forma como vivem. Caim recusou ouvir os conselhos Divinos e ficou marcado, para sempre, como o primeiro homicida.


Você deseja estar no céu? Então morra. Morra para o mundo, para você mesmo, deixe Cristo viver em você. Ouça os conselhos Divinos, escolha servir a Deus de forma consciente e verdadeira.


Ao ver meu filho chorando por que queria ficar com os gibis e também com as revistas do Nosso Amiguinho, eu pude ver muitos na igreja, agarrados ao mundo, mas também querendo o céu. Não conseguiremos desta forma, devemos escolher um e renunciar ao outro, é isto ou coisa nenhuma. Sabemos que ao escolher o céu devemos renunciar ao mundo, e ao escolher o mundo devemos renunciar ao céu. Querer ficar com os dois é renunciar ao céu.


Não existe morte sem choro. Não existe abandono sem lágrimas. Não existe vitória sem luta. Não existe luta sem dor. Não alcançaremos o céu de outra forma. O caminho é estreito, apertado, longo, difícil, perigoso, mas gratificante ao final. E como será gratificante!


O choro é uma demonstração que está havendo luta, por isso talvez Cristo tenha proferido a segunda parte de seu Maior Discurso com as palavras: “Bem-aventurado os que choram por que serão consolados”. Mateus 5:4. Está difícil renunciar ao “eu”? É difícil tomar a decisão correta? É difícil gosta da comida que Deus gosta? É difícil vestir a roupa que Deus pede? É difícil gosta da música que Deus gosta? É difícil amar o próximo? É difícil amar quem lhe ofende? Está difícil deixar aquele(a) namorado(a) incrédulo(a)? Está difícil abandonar o sexo? A masturbação? O emprego que o impede de guardar o sábado como deveria? Está difícil abandonar o pecado? Então chore aos pés de Cristo.


Para tornar-nos humildes precisamos entender que não somos ninguém, e ao percebermos isso, entenderemos que em nós não habita nada de bom, e o mal que, em nós habita, foi o culpado pela morte de Cristo. Por isso choramos. Significa sentir tristeza por que somos culpados pela morte de Cristo e não podemos continuar com uma vida dupla.


Continuando com a história...


Enquanto ele orava no seu quarto, eu fui para sala esperar pela sua decisão. O tempo passou, passou. Ouvir a porta do quarto sendo aberta, mas ele não veio até onde eu estava. Passou mais alguns minutos e nada. Então resolvi chamar-lo para saber da sua decisão. Lá vem ele com uma caixa de fósforos me pedindo que o ajudasse a queimar as revistas que ele havia comprado. Só Deus sabe da alegria que surgiu em meu coração e, também, da certeza de que, ao sermos tentados em nossas fraquezas, solicitando a ajuda do céu, este virá em nosso socorro.


Lembre-se disto: Se você desejar escolher o céu, saiba que não estará sozinho nesta luta, o céu o ajudará a vencer. Você será vencedor!


“Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono”. Apocalipse 3:21.


Resta Uma Esperança