Grupo reúne-se de hoje a 5ª-feira no Vaticano para promover diálogo e evitar mal-entendidos
Jamil Chade
Católicos e muçulmanos vão se reunir a partir de hoje no Vaticano para tentar lançar uma iniciativa inédita na relação entre as duas religiões e criar um mecanismo permanente de diálogo. De um lado, o Vaticano quer maiores garantias de que as minorias cristãs possam praticar sua fé em países muçulmanos sem serem ameaçadas. De outro, os muçulmanos querem ser reconhecidos não como uma religião ligada à violência e apelam para que o Vaticano ajude a promover essa imagem.
O encontro que começa hoje é o primeiro dessa magnitude realizado nas dependências da Santa Sé e envolve acadêmicos e clérigos duas duas religiões.
Na quinta-feira, os especialistas terão reunião com o papa Bento XVI. Um dos possíveis resultados seria a criação de um plano de gerenciamento de crise para evitar tensões entre as duas religiões.Há um ano, um grupo de intelectuais muçulmanos - que ficou conhecido como Palavra Comum - enviou uma carta ao papa sugerindo o início do diálogo, na tentativa de estabelecer confiança entre os líderes religiosos. Não por acaso, a reunião de hoje recebeu o nome de Amor por Deus, Amor pelo vizinho. Um dos temas do encontro é Dignidade Humana e Respeito Mútuo. "Precisamos desenvolver um mecanismo de reação a crises", afirmou Ibrahim Kalin, um acadêmico turco que atua como porta-voz do grupo.
O Vaticano se queixa de que os cristãos em países muçulmanos não têm liberdade religiosa. Um exemplo: por ordem do governo turco, não são permitidas cerimônias cristãs na Igreja de São Paulo, em Tarso, na Turquia.
Na semana passada, o arcebispo e presidente da Conferência Episcopal da França, Jean-Pierre Ricard, deu indicações do que será a mensagem do papa. "O islamismo deve seguir o mesmo caminho da Igreja Católica nos últimos 200 anos e aceitar as conquistas do Iluminismo, como os direitos humanos e. principalmente, a liberdade religiosa", afirmou, em uma conferência em Bruxelas. "A liberdade religiosa refere-se à liberdade de consciência, à possibilidade de aderir ou deixar uma religião. Sei que isso é um problema delicado para muitos muçulmanos. Mas acredito que uma total integração à sociedade européia implica essa liberdade", disse Ricard, em referência às gestões da Turquia para fazer parte da União Européia.
Já os muçulmanos alertam que católicos na Europa também resistem à construção de mesquitas. Em Colônia, Alemanha, imigrantes turcos que planejam erguer a maior mesquita da Europa têm recebido críticas das autoridades locais.
No sul da Espanha o problema não é diferente. Na Suíça, um grupo de extrema direita propôs um referendo popular para decidir se muçulmanos poderiam ou não edificar locais de culto.
Fonte O Estadão
Nota: Cristãos e Mulçumanos a um passo de uma união que alcançará todas as outras religiões. O Ecumenismo está em moda e continuará até o fim como sendo fator determinante para que haja liberdade. Quem ficar de fora, ficará sem liberdade.