28 maio 2008

"Lago de terremoto" obriga à nova operação de retirada na China

Reuters
Por Tyra Dempster

BEICHUAN, China (Reuters) - A China retirou de suas casas outras 150 mil pessoas que moram nas proximidades de um grande lago formado depois do devastador terremoto deste mês -- teme-se que o lago arrebente e que provoque uma grande inundação, afirmaram na quarta-feira meios de comunicação oficiais.

No mesmo dia, as Forças Armadas do Japão prometeram enviar barracas e cobertores para a China depois de o governo chinês ter pedido ajuda, disse a agência de notícias japonesa Kyodo.
O lago Tangjiashan nasceu quando deslizamentos de terra provocados pelo terremoto de 12 de maio bloquearam o curso do rio Jianjiang, no condado de Beichuan (Província de Sichuan), nas cercanias do epicentro do pior abalo sísmico ocorrido na China em décadas.

Oficialmente, o terremoto de 7,9 graus na escala Richter já matou 68 mil pessoas, mas essa cifra deve aumentar ainda mais já que há quase 20 mil vítimas consideradas desaparecidas.

Na terça-feira, tremores de terra derrubaram 420 mil casas, muitas delas anteriormente comprometidas.

O pedido da China ao Japão, que o governo japonês afirmou estar avaliando, faria com que os militares japoneses ingressassem em território chinês pela primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial e aponta para o grande desafio com que os chineses se deparam.

As relações sino-japonesas, tradicionalmente difíceis devido à brutal ocupação japonesa de partes da China entre 1931 e 1945, tem melhorado nos últimos meses e equipes de resgate e médicos japoneses chegaram à Província de Sichuan pouco depois do terremoto de 12 de maio.

O presidente chinês, Hu Jintao, afirmou a um grupo de políticos de Taiwan em visita à China que os esforços de ajuda deparavam-se com muitos desafios.

"A enorme destruição provocada pelo terremoto, o imenso número de vítimas e as extremas dificuldades para levar adiante os esforços de ajuda formam um cenário poucas vezes visto ao longo da história", afirmou Hu.

O governo reduziu para zero as tarifas de importação para vacinas, antibióticos e produtos do anti-soro sanguíneo, afirmou o Ministério das Finanças do país.

Enquanto lutam para levar ajuda às vítimas diretas do abalo sísmico, as autoridades tentam também evitar que represas e reservatórios de água fragilizados provoquem novos desastres.
Nas proximidades do lago de Tangjiashan, os moradores foram retirados de suas casas durante a noite enquanto engenheiros escavavam um canal de escoamento para evitar uma enchente.
Até 1,3 milhão de pessoas se veriam obrigadas a deixar suas casas se as barreiras do lago se romperem por completo, afirmou o jornal China Daily.

O nível das águas em Tangjiashan, um dos 35 "lagos de terremoto" formados pelo tremor, continua a subir. E uma enorme eclusa que vem sendo construída só ficaria pronta dentro de mais uma semana, disse o diário.

O terremoto deve também prejudicar os esforços da China para limitar a inflação neste ano, disse uma importante autoridade do governo. E isso por causa dos danos às safras agrícolas e aos pesados investimentos necessários nas obras de reconstrução.

"Neste momento, é difícil dizer de quantos pontos percentuais a mais será a pressão inflacionária, mas certamente haverá algum tipo de pressão", afirmou Xu Xianchun, vice-chefe do Escritório Nacional de Estatísticas.

Atingir a meta de uma taxa anual de inflação de 4,8 por cento em 2008 seria algo muito difícil, disse.

No entanto, Mu Hong, vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, maior agência de planejamento econômico da China, afirmou que o terremoto afetaria de forma profunda a economia da região atingida, mas não teria reverberação no crescimento nacional.

Fonte: MSN Notícia