A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) apelou à comunidade internacional que tome medidas urgentes para enfrentar a fome e a subnutrição, numa altura de subida dos preços dos alimentos.
"A comunidade internacional deve tomar medidas urgentes e concretas para enfrentar os problemas da fome e da subnutrição numa altura de subida dos preços dos alimentos, escassez de terras e água, alterações climáticas, aumento das necessidades energéticas e crescimento populacional", apelou a FAO em comunicado, uma semana antes da conferência sobre segurança alimentar que vai ter lugar em Roma, nos próximos dias 3, 4 e 5 de Junho.
"Esperamos que os líderes que se deslocarem a Roma concordem em tomar medidas urgentes que permitam aumentar a produção agrícola, especialmente nos países mais afectados e ao mesmo que possam proteger os mais pobres dos efeitos negativos da subida dos preços dos alimentos", refere a organização.
A situação "dramática que vivemos actualmente recorda-nos a fragilidade do equilíbrio entre a oferta alimentar e as necessidades das pessoas" e o "facto de não terem sido alcançados os compromissos que visavam acelerar o processo de erradicação da pobreza", afirmou o director geral da FAO, Jacques Diouf.
"Dada a seriedade dos desequilíbrios que existem, actualmente, entre a oferta e a procura alimentar, o mercado dos cereais poderá não regressar ao equilíbrio em breve", acrescenta ainda a FAO. De acordo com esta organização, os preços dos cereais podem descer no curto prazo mas não deverão regressar aos antigos níveis durante muito tempo.
"É muito provável que durante as próximas campanhas agrícolas, os preços continuam a registar fortes subidas e a volatilidade do mercado persista em resultado de acontecimentos que não podemos prever", esclarece o relatório da FAO, "Subida dos preços alimentares: factos, perspectivas, impactos e acções necessárias".
Há 22 países em situações "particularmente vulneráveis"
Para a FAO muitos países enfrentam o "duplo desafio" de aumento dos preços dos alimentos e do petróleo que ameaça a estabilidade macroeconómica e o crescimento económico.
O FAO refere que, actualmente, existem 22 países "particularmente vulneráveis" devido à combinação de elevados níveis de fome e com o facto de serem importadores líquidos de alimentação e combustíveis. Eritreia, Nigéria, Camarões, Haiti e Libéria.
A FAO estima que o número de pessoas subnutridas chegou aos 862 milhões, no período entre 2002 e 2004, sendo que destas, 830 milhões habitam em países em desenvolvimento.
Para reduzir a fome e melhorar a situação alimentar a nível mundial, a FAO propõe o relançamento da agricultura e a revitalização das comunidades agrícolas.
A organização acredita que a subida dos preços dos alimentos representa "uma excelente oportunidade para aumentar os investimentos na agricultura que permitam estimular a produção e a produtividade".
"Este é um momento único: pela primeira vez em 25 anos, um incentivo – alta dos preços da ‘commodities’ agrícolas – surgiu para estimular o sector agrícola", disse Jacques Diouf.
Fonte: Jornal de Negócio
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