Copenhague, 7 dez (EFE).- O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, disse hoje, na cerimônia de inauguração da cúpula da ONU sobre mudança climática (COP15), que só será possível falar de êxito se forem definidas "ações significativas e imediatas que entrem em vigor no dia seguinte do encerramento".
De Boer lembrou que a contagem regressiva começou e que é hora de dar respostas, por isso pediu aos delegados dos 192 países reunidos na cúpula de Copenhague, que será realizada até o dia 18, um "bolo de Natal" formado por três camadas.
Em primeiro lugar, será preciso pactuar a implementação de ações imediatas de mitigação, adaptação, financiamento e tecnologia; depois, garantir o financiamento a longo prazo e, por último, uma visão compartilhada sobre um futuro de baixas emissões de CO2 para todos.
O acordo deve ser construído "tijolo a tijolo" e "de baixo para cima", afirmou De Boer, já que essa é a única maneira de garantir o êxito em Copenhague.
"Acabou o tempo de reiterar posições e de declarações, é preciso ação real", disse.
A presidente da cúpula, Connie Hedegaard, disse que é "o momento de atuar".
"Sei que há muitos obstáculos. Mas depende de nós, dos que estão nesta sala. E é factível", afirmou.
"Nem a ciência foi nunca tão clara, nem as soluções tão abundantes, nem a vontade política tão forte", disse Hedegaard, que acrescentou que "passarão anos" até que se volte a dar uma conjunção de fatores como essa, se é que chegará a ocorrer.
"Chegou o momento de dar ao mundo o rumo correto, enquanto ainda estamos a tempo", afirmou.
O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês), Rajendra Pachauri criticou hoje, em Copenhague, os que "recorrem a ações ilegais" para desacreditar os "trabalhos contrastados" dos cientistas que expõem as consequências da mudança climática.
Pachauri se referiu, assim, à demissão de um cientista da Universidade de East Anglia (Reino Unido), investigado pela suposta manipulação de dados sobre a mudança climática, depois que um "hacker" teve acesso a seu e-mail.
"Alguns têm inconvenientes em aceitar a inevitabilidade da mudança climática", afirmou Pachauri, que insistiu na "conduta impecável" dos organismos "independentes" que reúnem dados para os relatórios do IPCC. EFE alc-nvm/an