16 dezembro 2009

Apocalipse 17 - Algumas Considerações


O Capítulo 17 de Apocalipse é um dos mais complexos deste tão enigmático livro da Bíblia. Muitas interpretações já foram elaboradas, só o tempo poderá dizer qual delas está certa. Portanto, não quero aqui fazer mais uma interpretação deste capítulo, mas apenas colocar em discussão pontos interessantes sobre os quais discorri com um irmão.

1. Existe distinção entre o tempo da visão e o tempo da interpretação da visão? – Antes de responder esta indagação devemos analisar com cautela alguns pontos interessantes:

A) Embora essa distinção possa existir, ela não é explícita no texto. No verso 3, João declara que o Anjo o “..levou em espírito a um deserto”. Essa declaração deixa claro que João transcendeu para tempo e lugar onde ocorreria o cumprimento da profecia, e desde essa declaração até o verso 7, onde o Anjo começa a conceder a interpretação da profecia, não é declarado que João voltou ao tempo e lugar de sua época. Portanto, pode não haver distinção entre o tempo da visão e o tempo da interpretação da visão, e se existir talvez não seja exatamente o tempo de João.

B) Outro ponto a ser salientado é que o verso 8 afirma: “A besta que viste [referindo à visão nos versos 1-6], foi [Em algum momento no passado anterior à visão] e já não é [O verbo está no tempo presente. Muitos advogam que este é o tempo de João, enquanto ainda estava vivo], e há-de subir do abismo [futuro, momento a que a visão profética se refere]...”. Se o tempo da visão difere do tempo da interpretação da visão, e o tempo desta interpretação é o de João, então qual a besta que não era em seu tempo? O Comentário Bíblico Adventista comentando o verso 8 e 11 do capítulo 17, coloca duas suposições para a Besta e nenhuma das duas aconteceu enquanto João estava vivo..
Leia:

“Em algum momento do passado a besta tinha estado ativa, mas depois desapareceu. Esta expressão se repete ao final do vers. 8 e de novo no vers. 11. Alguns identificam o período em que a besta "era" com o da Roma pagã; o período em que "não é" [a parte do verso que comento acima], com o breve intervalo entre o fim da perseguição pagã e o começo da perseguição papal [Não pode ser o tempo de João, pois a perseguição pagã estava em plena atividade em sua época, a perseguição só parou depois da conversão de Constantino ao cristianismo, que só ocorreu em 313 d.C., mais de 200 anos depois da morte de João], e o período "e será", com o da Roma Papal. Outros fazem equivaler o período em que "era", com o representado pela besta e suas sete cabeças; o período em que "não é", com o intervalo entre a ferida da sétima cabeça [Período pós 1798, muitos séculos depois da morte de João] e o ressurgimento da besta como "a oitava". Comentários entre colchetes acrescentados.

Nenhum dos casos se passou no período da vida de João, mas sim, alguns séculos após sua morte. O que parece é que o tempo da interpretação da visão segue uma sequência temporária, ficando, assim, difícil afirmar com exatidão o tempo da interpretação da visão.

O verso 10, onde diz: “cinco já caíram [passado], e um existe [presente, este tempo é o mesmo do verso 8 e 11 comentado acima]; outro ainda não é vindo [futuro]; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo.” Está inserido no mesmo período, enfretando os mesmos problemas dos versos 8 e 11. Qualquer interpretação que afirme com dogmatismo um tempo exato do cumprimento da visão, não passará de especulação, podendo apenas ser confirmada após o cumprimento total da profecia. Portanto, vamos esperar acontecer e depois, de acordo com a história, afirmar com fatos históricos comprovados. Afinal, somos historicistas. Esse método foi utilizado pelos nossos pioneiros e deve seguir de guia para nós, pois eles poderiam até ter suas opiniões sobre Apocalipse 17, mas a falta de dados escritos sobre suas opiniões nos leva a fazer o mesmo que eles: ficar em silêncio e aguardar o desenrolar da história.

2. A expressão: “outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo”, verso 10, se refere ao sétimo rei. Embora essa frase (“convém durar pouco tempo”) possa se encontrar em outras passagens bíblicas se referindo a longos períodos, não podemos deixar de considerar o contexto em que ela foi proferida, pois os cinco reis ou reinos que existiram, permaneceram por não mais de cinco séculos, então o “pouco tempo” deve ser analisado dentro deste contexto, isso quer dizer que foi um período inferior aos outros, então não pode ser 1.260 anos, pois nenhum dos impérios durou todo esse tempo. A expressão “pouco tempo” apenas afirma que o período do sétimo rei seria menor que dos outros seis anteriores.

Graças a Deus o foco de Apocalipse 17 não está na identificação dos sete reis, mas sim no momento em que o oitavo, que procede dos sete, irá surgir, e quanto a esse, nós concordamos, é o último engano de Satanás, sua personificação e união com os poderes de Apocalipse 16: 13-14. Essa deve ser a nossa posição até que ela se cumpra completamente.

Claro que existe algumas interpretações interessantes sobre Apocalipse 17, mas prefiro aguardar o desenrolar da história. Afinal, sabemos quem são as Bestas de Apocalipse 13, sabemos também quem é a Mulher do capítulo 17, ela é uma falsa Igreja Mãe, possuindo muitas filhas que obedecem seus ensinos, sabemos que ela possuía poderes políticos antes e perdeu esses poderes, mas conseguirá esses poderes de volta através da segunda Besta do capítulo 13, e, unida com os poderes aliados de Satanás, perseguirá os fiéis filhos de Deus.

“Em vista de que a Inspiração não indicou que se deve entender que as sete cabeças representam sete nações particulares e não especificou nenhum momento desde o qual devem calcular-se, este Comentário considera que a evidência é insuficiente para garantir uma identificação dogmática delas. Apoc. 17 trata da besta durante seu período "será", quando é "o oitavo" (ver com. vers. 8, 11), e a interpretação da mensagem básica do capítulo felizmente não depende da identificação das sete cabeças.” Comentário Bíblico Adventista sobre Apocalipse 17.

Acesse o Comentário Bíblico Adventista clicando no link abaixo:

http://www.ellenwhitebooks.com/comentario/

Um Abraço!

Resta Uma Esperança

Hilton Robson