Copenhague: protestos no mundo todo prometem pressionar líderes
Por Luiz De França
O mundo assistirá a uma série de grandes manifestações neste fim de semana. O objetivo de todas elas é um só: pressionar os líderes mundiais reunidos na 15ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague, até 18 de dezembro, por um acordo que de fato consiga diminuir a emissão de gases de efeito estufa para 2020. De acordo com informações da TicTacTicTac, uma das organizadoras dos protestos, 1.912 eventos já estavam programados para 127 países na sexta, sábado e domingo. No Brasil, serão mais de 100 manifestações. A ação faz parte de um projeto liderado por algumas organizações não-governamentais como o Greenpeace, WWF (World Wildlife Fund), Oxfam, Anistia Internacional e 350.org.
Sob o slogan "O Mundo Quer um Acordo Pra Valer", os organizadores agendaram para sexta-feira e sábado à noite uma "Vigília pela Sobrevivência", em que os participantes acenderão velas. No sábado, estão programadas marchas e protestos durante o Dia de Ação Global. No domingo, a promessa é de muito barulho com sinos, tambores e todos os tipos de som, tocados 350 vezes. Igrejas, mesquitas e sinagogas também deverão participar do ato através do Conselho Mundial das Igrejas.
A explicação para o número: 350 é o limite desejável de partículas de gases de efeito estufa por milhão no ar atmosférico (que equivale a 350 litros de gases para cada milhão de litros de ar). No entanto, espera-se que a COP15 estabeleça esse número em 450 ppm, considerado por cientistas o máximo aceitável para evitar que a temperatura média da Terra suba mais de 2 graus até o fim deste século. Atualmente, essa concentração é de 390ppm.
Momento - As datas para os protestos não foram escolhidas por acaso. Os articuladores do movimento consideram que a COP15 já estará no meio do caminho de um acordo, o que seria o melhor momento para pressionar. Mas antes mesmo de os líderes mundiais começarem a desembarcar na capital da Dinamarca, outras manifestações semelhantes foram realizadas ao redor do mundo. No sábado e domingo passados, a campanha Tô no Clima promoveu shows e um passeio ciclístico na cidade de São Paulo. No dia 21 de setembro, pessoas em mais de 130 países se juntaram para enviar um chamado ensurdecedor para "acordar" os líderes globais para as mudanças climáticas. No dia 24 de outubro, outros 5200 manifestações foram realizadas em 181 países.
No primeiro dia de reunião da COP15, uma petição com dez milhões de assinaturas foi entregue a representantes da conferência. Quem não assinou ainda pode deixar uma mensagem no site Hopenhagen, criado pela Associação Internacional de Propaganda em associação com a TicTacTicTac. No dia 15 de dezembro, a rede de televisão americana CNN e o YouTube promovem um debate ao vivo em Copenhague, em que líderes e ativistas da COP15 irão responder as perguntas sobre mudanças climáticas mais votadas.
As perguntas poderão ser enviadas até o próximo dia 14 para o site da campanha Fale Mais Alto (Raise Your Voice), onde também é possível assistir ao video apresentado na segunda-feira passada, na cerimônia de abertura da conferência. Para chegar aos ouvidos dos líderes mundiais o clamor por um acordo significativo, artistas e personalidades de todo o mundo também participaram das campanhas promovidas por mais de 50 organizações internacionais por meio de shows, depoimentos e clipes musicais. A seguir, assista aos vídeos de alguns deles:
Fonte Veja
Estudo alerta que emissões têm que cair a partir de 2020
Os níveis de gases que provocam o efeito estufa precisam começar a cair em 2020 para evitar consequências potencialmente desastrosas, alerta um estudo divulgado na reunião das Nações Unidas sobre clima em Copenhague por um dos mais respeitados centros de pesquisa sobre mudança climática, o Met Office, da Grã-Bretanha.
Para que o aumento de temperatura da Terra se limite a 2ºC, a meta recomendada pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) em seu relatório de 2007 e adotada pelos países do G8 em sua cúpula de julho, as emissões precisam atingir um pico dentro de dez anos.
A partir daí, elas teriam que cair cerca de 5% anualmente. Mesmo assim, a probabilidade de o aumento de temperatura ficar abaixo de 2ºC é de apenas 50%, de acordo com o Met Office.
O problema é que, até antes da crise econômica mundial, as emissões do planeta vinham crescendo cerca de 3% ao ano. Ou seja, para que em apenas dez anos elas comecem a cair, seriam necessárias ações drásticas.
Negociação difícil
Nos três primeiros dias da reunião em Copenhague, negociadores de 192 países enfrentaram muitos problemas para avançar no sentido de um acordo global que possibilite esse tipo de ações.
A desconfiança entre países ricos e em desenvolvimento e até mesmo sinais de desgaste entre o segundo grupo parecem estar dificultando um entendimento.
A reunião acaba no dia 18 de dezembro, depois da participação de cerca de 110 líderes mundiais.
Se as emissões continuarem a subir depois de 2020, o Met Office afirma que a única forma de manter o aumento da temperatura terrestre abaixo dos 2ºC seriam os chamados projetos de geoengenharia – para retirar o gás carbônico da atmosfera.
Entre essas propostas, estão algumas que soam como ficção científica: espelhos no espaço que refletiriam de volta os raios do sol, “árvores” artificiais que sugariam o dióxido de carbono do ar para compartimentos que poderiam ser enterrados ou ainda a criação de nuvens com sprays de água no ar.
Mesmo os projetos de geoengenharia já em teste, como Captura e Armazenamento de Carbono (CCS, na sigla em inglês) – que retira o gás produzido pela queima de carvão em usinas e o prepara para armazenamento – ainda estão longe de serem viáveis economicamente.
Pouco se sabe sobre os reais custos ambientais, sociais e financeiros deste tipo de operação. E muito menos as consequências que eles poderiam ter sobre a Terra.
Fonte BBC
Mudanças climáticas afetam o mapa do planeta
Cientistas usam supercomputador para calcular impactos do aquecimento.
Simulação aponta mudanças no planeta com 3°C a mais.
Na reportagem especial desta quarta-feira (9) sobre as mudanças climáticas, o Jornal Nacional conta a história de uma ilha que pode sumir do mapa e os efeitos do aquecimento global na vida marinha.
O topo de uma palmeira é a lembrança de que ali havia terra firme. A ilha de Ghoramara, na Índia, já perdeu metade do território e pode, em breve, sumir da face da Terra. Sete mil habitantes foram embora e outros estão preparando a partida.
No Japão, a ameaça também vem do mar: há sete anos, águas vivas gigantes, de até dois metros de comprimento, infestam algumas regiões litorâneas, prejudicam a pesca e provocam queimaduras nos pescadores. Elas existiam somente na China, mas migraram para o local e se proliferaram.
Um professor da universidade de Hiroshima diz que há várias causas. Entre elas, a elevação da temperatura da água causada pelo aquecimento global.
Na China, os sinais estão no alto das montanhas. As geleiras do Tibete diminuem 20 metros a cada ano desde 1990.
O Japão tem alguns dos centros de previsão e pesquisas climáticas mais avançados do mundo e está usando a tecnologia para descobrir o que vai acontecer com o planeta nos próximos anos. Um globo no museu de ciências de Tóquio mostra o aquecimento da terra até o ano 2100. É uma visão do futuro, um futuro nada animador.
Os cientistas japoneses estão usando um supercomputador, que ocupa um andar inteiro de um prédio, para calcular os efeitos do aquecimento global.
Com isso, eles simulam o que vai mudar em cada ponto do planeta com o possível aumento de 3ºC na temperatura até o fim do século.
Uma das conclusões: o número de tufões na Ásia e de furacões na América do Norte vai cair de 80 por ano, em média, para 66. Em compensação, a força do vento no epicentro vai aumentar em até 20% e as chuvas em até 60%.
Rota
Akio Kitoh, diretor do departamento de pesquisas sobre o clima do Instituto de Pesquisas Meteorológicas, diz que eles também vão mudar de rota. Esse é o próximo passo da pesquisa: descobrir onde os tufões e furacões, mais violentos que os de hoje, vão passar.
Os cientistas japoneses também fizeram previsões para o Brasil. No Nordeste, os dias consecutivos de seca que, segundo ele, hoje são 100 por ano, em média, podem chegar a 130 em algumas áreas. No Centro-Sul do país, as chuvas que castigam a região no verão vão aumentar de intensidade.
O professor diz que parte do aquecimento é inevitável, é um ciclo do planeta, que foi acelerado pela ação do homem. E que, por isso os países têm que se preparar.
“Mas, se queremos diminuir esses efeitos, temos que fazer a nossa parte”, conclui ele.
Fonte Portal G1