13 novembro 2009

UMA JORNADA PARA O CÉU - Parte 1 - COMO ALCANÇAR A PERFEIÇÃO

"Sede vós perfeitos, como perfeito é vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5: 48.

Durante muito tempo esta declaração causou impacto em mim todas as vezes que a lia. Como ser perfeito igual a Deus? Será isso possível? Creio que você também se sente intrigado com esta declaração. Espero que ao ler este artigo você possa compreender o que realmente Cristo quis dizer ao proferir essas palavras.

Essa declaração deve ser analisada dentro do contexto em que foi proferida. Então vamos lá.

Ela se encontra inserida no Sermão da Montanha, esse foi o primeiro sermão proferido por Cristo para a humanidade durante sua estadia, como homem, neste planeta; até então Ele havia falado ao Seu povo somente através de Seus mensageiros, os profetas, agora era o próprio Deus pessoalmente que daria sua mensagem à humanidade caída. Portanto, este sermão deve está cheio de mensagens maravilhosas para nós, mas não iremos analisar todo o sermão da montanha, deixaremos para outra oportunidade, analisaremos apenas o texto imediato onde o apelo para a perfeição está inserido.

Leia em sua Bíblia Mateus 5: 38-48.

Nos versos 38 a 42, Jesus nos ensina uma lição de humildade, algo que Ele defende desde o verso 3, e ainda pede para aprendermos com Ele. (Mateus 11: 29). Portanto, a humildade deve existir no coração do verdadeiro cristão. Pense um pouco: Como você age ao ser injustiçado? Como você age quando alguém tira os seus direitos e o obriga a cumprir seus deveres? Você algum dia já assumiu seus erros para sua esposa (o), para seus filhos, para seu colega de trabalho? Cristo não está falando somente de humildade por haver cometido um erro, Ele nos pede para sermos humildes até mesmo quando somos condenados por ter feito o certo; não foi esse o Seu maior exemplo? (Isaías 53: 3-7).

Nos versos 43 a 48 Ele nos ensina a amar o próximo, seja ele inimigo ou amigo, assunto que ele vem desenvolvendo desde o verso 20, onde diz que a nossa justiça deve exceder a justiça dos fariseus. Em que sentido a nossa justiça deve exceder a dos fariseus? Os fariseus se concentravam na lei meramente no sentido de proibir uma ação: Não faças isso! Não faças aquilo! No desenvolver do assunto Cristo nos ensinar que as ações, em si mesmas, não produzem justiça, a não ser que venham de um coração santificado, transformado, cheio de amor, aí elas brotarão como o fruto do Espírito Santo. Ligando isso com o que Paulo falou sobre o cumprimento da lei ser por amor (Romanos 13: 10), então fica claro o que Jesus queria dizer.

Eis dois dos temas abordados: amor e humildade. Sendo o amor o pai de todos os outros temas. Esses sentimentos como descritos por Cristo no sermão da montanha, são sentimentos Sublimes, Divinos, que não existe no coração humano. Foi nesse contexto que Cristo nos solicitou perfeição: Amor e Humildade. Assuntos esses demonstrados por Cristo em uma dimensão totalmente nova, e contra a natureza humana. Então como cumprir esta determinação para ser perfeito, como perfeito é nosso Pai que está no céu, se somos, por natureza, maus?

Então venha comigo neste estudo e veremos se é possível ser perfeito.

Qual a nossa verdadeira condição?

A essência da mensagem pregada pela Igreja Adventista nos ensina um pouco sobre isso, principalmente a mensagem da Justificação pela Fé, mensagem que causou bastante alvoroço entre os pioneiros de nossa igreja; mensagem que causaria um reavivamento da verdadeira piedade necessária para o derramamento da Chuva Serôdia e realização do Alto Clamor.

“Aqui está a perseverança dos santos; os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Apocalipse 14: 12.

Veja que as duas coisas andam juntas: "guardar os mandamentos de Deus e a fé em Jesus". De nós mesmos não temos poder para mudar de vida e guardar os mandamentos de Deus; podemos até guardar-los superficialmente como fazia os fariseus e o jovem rico, mas não cumprir-los como ensinado por Cristo no Sermão da Montanha, sozinhos não seremos capazes, pois nascemos em pecado. (Salmo 51: 5). O mal habita em nossa carne, por esse motivo foi que Paulo disse: “em minha carne não habita bem algum” (Romanos 7: 18). Somos por natureza: egoístas, orgulhosos, adúlteros, rancorosos, sensuais, invejosos, traidores, amantes do prazer, críticos, irados, corruptos, e tantos outros males que habitam no coração humano. Seríamos hipócritas em afirmar o contrário. Quer um exemplo: como você se sentiria ao ver uma pessoa que só lhe fez mal passar por problemas por causa do mal que lhe fez? Não me responda com palavras, verifique o que está dentro do seu coração, lá no íntimo, o que de verdade está sentido, e aceitará que somos maus. O que dizer então das palavras de Jesus: “quando alguém lhe feri na face direita, oferece-lhe também a esquerda” (Mateus 5: 39)? Jesus não está pedindo somente uma ação, Ele não está pedindo que você vá e visite aquela pessoa, ou que diga que a perdoa, ou que faça o bem em troca. Não! Ele não está pedindo somente isso. Ele nos pede uma ação verdadeira, sincera, que brote do íntimo de nosso coração. Isso é impossível para o homem fazer sozinho, por mais que ele tente, o sentimento ruim estará em seu coração.

Para vencer esse mal não podemos ficar somente no calvário, ele é somente o início da Justificação pela Fé; Jesus deseja trazer o calvário para dentro de nosso coração, crucificando o nosso eu, a nossa carne.

Paulo deixou isso bem claro, leia:

“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que, todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele, pelo batismo, na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós, também, em novidade de vida... Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” Romanos 6: 1-7.

Quero lembrar que pecado não é uma ação, é um sentimento, é algo que foi implantado em nosso coração desde o dia em que Adão e Eva comeram do fruto da árvore proibida. Jesus deixou isso bem claro quando disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que, qualquer que atentar numa mulher, para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mateus 5: 27, 28. Este princípio é aplicável a qualquer outro mandamento.

O Que Fazer Então?

Paulo, depois de seu discurso maravilhoso sobre a nossa verdadeira condição, dar a solução para problema do pecado em nossa carne. “Dou graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7: 25). Somente Jesus é capaz de nos capacitar a vencer o pecado. Cristo venceu o pecado por nós, isso é verdade, mas Ele deseja vencer o pecado em nós, para completar o trabalho. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”. Filipenses 1:6.

Quando fazemos algum bem, quando vencemos uma tentação, não somos nós que vencemos, é o Espírito Santo que vence por nós, através de nós, por esse motivo é chamado de fruto do Espírito (Gálatas 5: 22). Mas como pode ser isso? Eu respondo: Milagre. Somente um milagre. Não vem de nós é “dom de Deus”.
Alguns alegam que é impossível para o homem guardar os mandamentos de Deus; quando alguém afirma isso, está afirmando que o homem não pode viver sem cometer pecado; realmente para o homem é impossível amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, lembrando que o amor é cumprimento da lei. (Lucas 10: 27, Romanos 13: 10). Exemplos: como dizer para um homem que ele deve deixar de trabalhar no sábado, pois esse dia foi separado para a adoração a Deus, se o mesmo está correndo o risco de perder o emprego e ver sua família passar necessidades? Como dizer para um pai que ele deve amar e perdoar verdadeiramente o homem que estuprou e matou sua filha de dois anos de idade? O que dizer da inveja, do rancor, do orgulho, do egoísmo, da sensualidade, do amor ao eu, do stress que nos leva à ira sem motivo e de tantos outros males que nos assola? Será possível nos livrar de todos esses sentimentos que parecem fazer parte de nossa vida, de nosso ser? Será possível viver uma vida reta, santa, justa e boa nesta terra? Será possível para o homem amar seu semelhante como a si mesmo? Será possível dar aos outros, aquilo que desejamos a nós mesmos? Será possível abrir mão de nossos direitos e cumprir os nossos deveres independentemente de ser ou não recompensados? Será possível dar e não querer nada em troca? Será possível viver como Jesus viveu? Amar como Ele amou? Ser humilde como Ele foi? Será possível vencer o mundo pelo amor? Cristo venceu o mundo! Será que também podemos vencer? Será possível nos manter incontaminados neste mundo? Será possível para o homem alcançar a perfeição? Muitos podem dizer que não, mas Cristo, por suas palavras e ações, nos diz que sim. Nós podemos.

Cristo disse: “Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” Mateus 19: 26.

Foi por causa da impossibilidade humana de guardar os mandamentos de Deus que Cristo veio e deu a Sua vida. Através deste ato Ele, Cristo, além conceder o perdão dos pecados, concede poder para o homem ou mulher que o aceitar e caminhar com Ele a viver uma vida reta e digna nesta terra; cumprindo Seus mandamentos por amor. A isso chamamos de Justificação Pela Fé. Através de Cristo encontramos perdão para os nossos pecados e Ele nos capacita a cumprir seus mandamentos, e se, por acaso, cairmos novamente em pecado, Ele ainda é capaz de nos perdoar novamente. (I João 2:1). Mas essa oportunidade de perdão não estará disponível para sempre, irá chegar o tempo em que se cumprirá a profecia “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apocalipse 22: 11. Portanto, devemos caminhar com Cristo e, pelo poder do Espírito Santo, ir vencendo o pecado em nossa carne dia após dia. “Dia após dia, morro...” I Coríntios 15: 31.

A Justificação pela Fé não significa somente o perdão dos pecados, significa também poder para vencê-lo. Esta é a mensagem que devemos dar ao mundo. Cristo nos salvou em nossos pecados, e dos nossos pecados.

Se você, por algum motivo, caiu em tentação após ser batizado, não se preocupe, todos nós já caímos, e o que nos levou a cair foi estar longe de Deu; foi deixar de caminhar com Ele; foi esquecer-nos de Seu Amor. Mas Cristo nos chama hoje para voltar, Ele tem o poder para vencer o pecado em nós. Não fique aí se lastimando por haver caído, levante, se entregue novamente a Cristo e caminhe ao Seu lado sempre, e Ele lhe concederá forças para vencer.

O nosso problema hoje

Alguns de nós temos nos concentrando apenas nas ações, claro que as ações refletem o que está dentro do coração, isso bíblico, mas também é bíblico que o simples praticar de ações não nos faz semelhante a Cristo; o resultado de uma vida degradante espiritualmente é o viver sem Cristo. Antes que a igreja saiba o que certo ou o que é errado (ações) precisamos mostrar Cristo no calvário (Amor). É nisso que temos errado. Estamos concentrando as nossas forças no certo e no errado; precisamos concentrar as nossas forças em Cristo, e, assim, pelo Seu Poder ensinar as pessoas o certo e o errado. Quando fizermos isso, aqueles que aceitarem a mensagem da Justificação pela Fé, também aceitarão as advertências e, por amor, abandonarão o errado e praticarão o certo. Quanto àqueles que não tomarem a decisão de permitir com que Cristo vença o pecado em sua vida, devemos orar por eles, é só o que podemos fazer.

O mundo invadiu a igreja, é certo, não podemos negar, mas o motivo da igreja ter permitido isso foi o afastamento da mensagem da Justificação pela Fé. Quando essa invasão começou, muitos concentraram suas forças no certo e no errado, foi por esse motivo que a abordagem não teve êxito e Satanás exultou por isso. Hoje é o dia de mostrarmos à igreja Cristo no Calvário, mostrar o poder transformador do Espírito Santo na vida de todo aquele que a Ele entrega o coração, dessa forma o mundo será afastado da vida dos sinceros. Tenho percebido nas igrejas que visito quando sou convidado, que alguns irmãos demonstram sinceridade, percebo que eles sabem o que devem fazer, porém não sabem como fazer, e nessa luta ficam decepcionados consigo mesmos, estão lutando sozinhos, eles precisam ser levados a olhar para o calvário e receber o poder que de lá irradia, e saber que não estão sozinhos nessa luta; Cristo é o nosso Vencedor, o nosso Príncipe, Ele quer lutar conosco e nos fazer vencedor qual Ele é.

O pecado deve ser reprovado, é claro, mas junto com a reprovação deve ser dada a solução: Cristo para perdoar e para santificar.

Temos que despertar no coração da igreja o amor por Cristo e pelo próximo, aquele amor que levou muitos à morte no passado, pois amaram a Deus e ao próximo mais que a própria vida. Devemos despertar no coração da igreja o desejo de encontrar Cristo quando Ele voltar, foi também através desse desejo, de encontrar o Salvador a quem amavam que muitos não desistiram diante da ameaça de morte; percebo que este desejo tem esfriado no coração do povo de Deus, talvez seja por esse motivo que a igreja parece tem acalentado o amor pelo mundo e suas concupiscências. Cristo não tarda voltar, ele tem um mundo novo, onde o amor e a paz reinarão, mas lá não entrará coisa alguma contaminada (Apocalipse 21: 27). Contaminada com o eu, contaminada com mundo; somente os lavados pelo sangue de Cristo e justificados pela fé ali entrarão. “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” (Apocalipse 22: 12). Entraremos pelas portas, pois na cidade de Deus não tem janelas; ou entramos pelas portas ou ficaremos do lado de fora. Somente aqueles que aceitarem Cristo como penhor por seus pecados e permitirem ao Espírito Santo vencer o pecado em sua carne poderão entrar pelas portas, pois serão justificados pela fé e santificados pelo Espírito, e, assim, teremos a mente de Cristo. (I Coríntios 2: 16).

Não pensemos que todos aceitarão a mensagem, isso é uma utopia de nossa parte, mas creio que existem sinceros filhos de Deus que a aceitarão e deixarão Cristo vencer o pecado em sua vida.

Tudo isso deve ser pregado e ensinado, todavia, não devemos esquecer-nos da parte mais importante: VIVER ESSA MENSAGEM.

Querido irmão, quer você hoje deixar Cristo entrar em sua vida e vencer o pecado por você? Então faça uma breve oração onde você estiver, entregando sua vida novamente nas mãos de Deus.

Tema da Segunda Parte – COMO POSSUIR A MENTE DE CRISTO

Aguardem!

Resta Uma Esperança