14 outubro 2009

ENTREVISTA CONCEDIDA POR MICHELSON BORGES AO BLOG RESTA UMA ESPERANÇA


Michelson Borges, Jornalista (formado pela UFSC) e editor da Casa Publicadora Brasileira. É autor dos livros Nos Bastidores da Mídia, Por Que Creio, A História da Vida, entre outros. Mestrando em Teologia pelo Unasp, mantém o blog http://www.criacionismo.com.br/. Ele concedeu esta entrevista ao blog Resta Uma Esperança, onde fala sobre ECOmenismo, tema muito abordado em seu Site. Ele fala também sobre mídia, família, música, saúde e testemunho pessoal.

O PREPARO PARA OS ÚLTIMOS DIAS

Um tema interessante abordado em seu site é o ECOmenismo. Quais as novidades com respeito a esse tema?

Parece que a cada semana é veiculada uma nova notícia sobre esse assunto, com o objetivo de manter a tensão. Mas também há notícias divergentes, mas não tão repercutidas. Recentemente, li que o maior culpado pelo aquecimento pode não ser o ser humano. O maior pico no aquecimento global recente foi em 1998, e não agora, como a “mídia algoreana” faz parecer. Já existem propostas explícitas para fazer do domingo o dia de combate ao aquecimento e de preservação da Terra (Gaia). O Vaticano embarcou na “onda” e propôs que o primeiro dia da semana seja o dia da família, e que ninguém trabalhe nele. Não é preciso fazer muito esforço para ver a associação de todas essas coisas e em que isso vai dar. Qualquer dúvida é só ler O Grande Conflito, de Ellen White.

O poder exercido pela mídia sobre as pessoas é impressionante. O que você pode nos dizer sobre esse assunto em relação à igreja de Deus?

Em Romanos 12:2, Paulo nos admoesta a não nos amoldarmos aos padrões deste mundo, sob risco de não percebermos mais a vontade de Deus. Graças aos conteúdos insistentes da mídia (filmes, seriados, novelas e até mesmo jornais e internet), somos uma geração secularizada, hedonista e consumista. Tudo isso conspira contra nossa fé e contra o modelo de vida simples proposto por Jesus (“olhai os lírios do campo”, “buscai em primeiro lugar o reino de Deus”, etc.). Ainda que tenhamos bons “filtros” e saibamos escolher sabiamente os conteúdos midiáticos, não podemos nos esquecer de que o tempo é precioso. Podemos estar trocando o essencial pelo bom. Essencial é orar, ler a Bíblia, viver em família e testemunhar de Cristo. Se não cuidarmos de nossa vida espiritual e relacional, podemos nos tornar cristãos raquíticos.

Sabemos que o nosso inimigo deseja destruir a família, base para a verdadeira religião. Quais orientações você daria às famílias adventistas nesse sentido?

Temos tudo para ser as famílias mais felizes do mundo. Se marido e mulher buscarem a Deus juntos, Ele, que é a fonte do amor, fará com que ambos se amem numa dimensão muito mais profunda do que o mero sentimentalismo. Pense na vantagem do sábado, por exemplo. Como podemos nos abraçar e desejar “feliz sábado” no culto de pôr do sol se estamos “de mal”? O sábado ajuda a curar feridas emocionais e a fortalecer os laços familiares. E o culto familiar? Que bênção! Reunir os filhos a cada fim de dia para conversar, orar e ler a Bíblia deixará marcas profundas no caráter deles. O empenho do diabo é justamente no sentido de impedir que tomemos posse dessas bênçãos. Assim, antes que se pense em fazer o culto familiar, os filhos correm para o computador, o pai vai assistir TV e a mãe se ocupa com outros afazeres. Quando se dão conta, já é tarde, todos estão cansados e o dia terminou. Assim, dia após dia a vida vai passando. Em pouco tempo, os filhos vão embora e o que resta? Daqui a pouco, Jesus voltará, e como entregaremos a Ele nossa família?

Como o senhor analisa a modernização da música adventista e seu impacto sobre a igreja?

Não sou contra a “modernização” e a incorporação de elementos bons da cultura que nos rodeia. A contextualização da mensagem e dos usos e costumes é necessária para nos manter relevantes na sociedade em que estamos inseridos. Mas isso não deve ser desculpa para importarmos todo estilo musical que agrade aos nossos ouvidos. Aliás, quem disse que nossos gostos devem ser o critério adequado de escolha? Como sabemos, a música é um tremendo poder para o bem ou para o mal. Por isso, é necessário estudar a fundo esse assunto, a fim de termos certeza de que o louvor que estamos oferecendo a Deus é o melhor, dentro de nossas limitações. Há certos ritmos e instrumentos musicais que, mal usados, geram um descompasso entre a mensagem da letra e o efeito da música. Devemos tomar todo cuidado com isso. A música pode nos aproximar de Deus ou levar a mente para outros caminhos.

Os efeitos da música rock sobre o cérebro são comprovados pela ciência. Qual a sua opinião sobre esse assunto e como você aconselha aqueles que desejam manter uma vida espiritual dentro dos padrões divinos?

O rock é um bom exemplo do que eu falava há pouco. É o tipo de estilo musical que não casa com a adoração. A percussão excessiva ativa centros nervosos que têm mais relação com sexualidade e emoções exacerbadas. Tanto é assim que certos cultos usam a percussão para estimular o transe místico. A escolha da música que vamos executar na igreja e que vamos ouvir em nosso aparelho de som vai depender da nossa relação com Deus e do conhecimento que buscamos sobre o assunto. Quanto mais submetermos nossa vontade, nossos gostos ao Senhor, mais claramente o Espírito Santo nos indicará o estilo musical ideal para nosso deleite e para o louvor do Criador.

Ellen White afirma que é essencial uma reforma no regime alimentar, se realmente desejamos vencer as provações finais neste mundo. Como você analisa esse assunto em relação à igreja hoje?

Tem havido alguns progressos nessa área, até porque agora quem está pregando é o mundo. Alguns anos atrás, mesmo entre adventistas, os vegetarianos às vezes se sentiam meio “ets”. Hoje em dia, reportagens e pesquisas têm destacado os malefícios da dieta cárnea e as vantagens do vegetarianismo. Só não se convence quem não quer. O que precisamos entender (e aqui está nosso grande diferencial em relação a outras pessoas) é que nosso estilo de vida influencia nossa espiritualidade. Precisamos fazer tudo o que de nós depender para ter uma mente clara a fim de discernir os enganos dos últimos dias. Por isso mesmo, como vivemos no desfecho do grande conflito neste planeta, esse assunto de estilo de vida saudável se torna cada vez mais importante. Conforme escreveu Ellen White, “em nossos dias, o Senhor Se agradaria de que os que estão se preparando para a futura vida imortal seguissem o exemplo de Daniel e seus companheiros em buscar manter o corpo forte e a mente limpa. Quanto mais aprendemos a cuidar do nosso corpo, mais capazes seremos de escapar dos males que estão no mundo pela concupiscência” (Jesus Nosso Modelo, Meditações Diárias 14/10/2009).

É nítida a presença do mundanismo na igreja; o culto ao “eu” é algo crescente em nosso meio. Como devemos enfrentar essa situação?

Pelo bom exemplo. Acredito que quando as pessoas percebem que somos mais felizes pelo fato de levarmos uma vida simples, despojada e de comunhão com Deus, elas são atraídas pelo poder irresistível do evangelho prático. Devemos convencer pelo amor, amar as pessoas e procurar por todos os meios fazer com que vejam que Jesus está para voltar e quer que elas estejam prontas para recebê-Lo; e que, enquanto esperam, podem desfrutar da “vida abundante”, esperançosa, simples e de realização que Ele prometeu aos Seus seguidores.

Sabemos que o fim de todas as coisas se aproxima a passos largos, as profecias se tornam mais claras a cada dia. Como devemos encará-las e que conselho você dá àqueles que desejam estar de pé no último dia?

Para estar em pé no último dia devemos buscar essa experiência aqui e agora. Os 144 mil andarão com o Cordeiro porque andaram com Ele aqui na Terra. Enoque não teria sido transladado se não tivesse andado com Deus. Da mesma forma, somente seremos levados para o Céu se vivermos a atmosfera celestial desde já. Como isso é possível? É como diz aquela bela música dos Arautos do Rei: “O Céu e aqui, se tomo tempo pra louvar. O Céu é aqui, se me ajoelho para orar. O Céu é aqui, se aprendi a perdoar. O Céu é Jesus, pois onde Ele estiver, o Céu será ali.”