Nova Délhi, 2 jun (EFE).- A crise financeira internacional e a alta dos preços do petróleo e dos alimentos fizeram o número de pessoas com "fome crônica" no sul da Ásia crescer de 300 milhões para 400 milhões nos últimos dois anos, denunciou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Numa entrevista coletiva em Nova Délhi, o diretor do Unicef para a região, Daniel Toole, classificou a situação como "escandalosa". O comentário foi feito durante a apresentação do relatório do órgão sobre o impacto da crise econômica na infância e nas mulheres.
Entre 2006 e 2008, mais de 100 milhões de pessoas que vivem no sul da Ásia passaram a integrar o grupo populacional que não consome o mínimo de calorias diárias recomendadas, que é como o organismo define a "fome crônica".
Toole lembrou que o Banco Mundial (BM) fixou em 600 milhões, um número bem maior, o total de sul-asiáticos que vivem sob a linha de pobreza (US$ 1,25 ao dia). Disse ainda que mais de um bilhão de pessoas sobrevivem com menos de US$ 2 ao dia na região.
Em seu estudo, o Unicef calculou em 230 milhões de indianos, 84 milhões de paquistaneses, 65,3 milhões de bengaleses, 10 milhões de cingaleses, 8,5 milhões de nepaleses e 7,8 milhões de afegãos os sul-asiáticos famintos.
Os dados "mais preocupantes", segundo Toole, foram coletados no Nepal, no Paquistão e na Bangladesh, países em que a fome crônica avançou com mais rapidez sobre a população pobre nos últimos dois anos.
As crianças são as mais afetadas, já que, segundo o relatório, 54% dos 615 milhões de menores no sul da Ásia vivem na pobreza. E, dos 175 milhões de crianças com menos de 5 anos, 45% delas têm problemas de desnutrição, o índice mais alto do mundo, acima até da taxa na África Subsaaariana.
De acordo com o estudo, as famílias castigadas pela fome crônica dedicam de 60% a 70% de sua renda à alimentação, por isso são especialmente vulneráveis ao aumento dos preços dos mantimentos. EFE
Fonte Portal G1