No aniversário da Guerra da Coreia, Pyongyang diz que programa nuclear é resposta à proteção doa EUA a Seul
SEUL - A Coreia do Norte alertou nesta quinta-feira, 25, que "nuvens negras de guerra nuclear" pairam sobre a península coreana e prometeu reforçar seu arsenal atômico para marcar o aniversário da Guerra da Coreia (1950-1953). O jornal Rodong Sinmun, do partido comunista, afirma ainda que uma nova guerra pode irromper a qualquer momento e que o norte continuará a reforçar seu arsenal nuclear. "Enquanto a política hostil dos EUA continuar, jamais suspenderemos nossa defesa nuclear e vamos até reforçá-la".
O jornal acusou os EUA e sua aliada Coreia do Sul de tentarem provocar uma nova guerra com uma ampliação do "guarda-chuva" nuclear sobre o sul. "Uma situação perigosa foi criada na península coreana... Com nuvens negras de uma guerra nuclear pairando à medida que as horas avançam", diz o jornal num longo editorial publicado a propósito do aniversário da Guerra. O país comunista diz ainda considerar que a oferta de proteção nuclear dos Estados Unidos à Coreia do Sul é motivo suficiente para que o regime norte-coreano deseje obter armas atômicas.
Desta forma, a Coreia do Norte responde a um dos principais acordos da cúpula que aconteceu na semana passada em Washington entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu colega sul-coreano, Lee Myung-bak, na qual adotaram uma postura unificada contra Pyongyang. Na reunião, os EUA se comprometeram pela primeira vez a proteger a Coreia do Sul com seu "guarda-chuva nuclear" e armas estratégicas em caso de um ataque atômico norte-coreano, depois que o país comunista fez seu segundo teste nuclear em 25 de maio.
"Não pretendemos nem queremos obter de ninguém o estatuto da potência nuclear. O poder de dissuasão nuclear é para enfrentar a ameaça dos EUA e é um direito soberano para salvaguardar nosso regime e o povo", ressaltou o jornal norte-coreano. No entanto, a publicação oficial norte-coreana disse que a Coreia do Norte utilizará sua capacidade atômica para responder a uma agressão.
O jornal qualificou a cúpula entre Obama e Lee de um "beijo asqueroso entre amo e servo", e lembrou que a data da realização da reunião coincidiu com o aniversário da primeira cúpula intercoreana realizada em 2000 em Pyongyang, que iniciou um processo de reconciliação das duas Coreias. Sobre a recente proposta do presidente sul-coreano de realizar o diálogo nuclear de cinco lados sem contar com a Coreia do Norte, Pyongyang acrescentou que a reunião de seis lados para o desmantelamento nuclear do país já é algo que não faz sentido. A Coreia do Norte abandonou este diálogo, do qual participavam EUA, China, Japão, Rússia e as duas Coreias, quando o Conselho de Segurança da ONU condenou o lançamento de um foguete de longo alcance norte-coreano, em abril.
A Guerra da Coreia começou em 25 de junho de 1950, quando a Coreia do Norte invadiu o sul. O conflito terminou com um cessar-fogo, e não com um acordo de paz, o que ainda deixa o norte comunista e o sul capitalista tecnicamente em guerra. As autoridades acreditam que o norte vai disparar mísseis de curto ou médio alcance a partir de sua costa leste nas próximas duas semanas, após avisar os barcos estrangeiros para que se afastem de uma área específica durante o período.
Fonte O Estadão
Nota: Estamos à beira de um grande sinal apocalíptico.