Seul, 29 mai (EFE).- A Coreia do Norte desafiou hoje o Conselho de Segurança da ONU, que prepara sanções por causa de seu teste nuclear da segunda-feira, e torna patente sua ameaça com o lançamento de um novo míssil de curto alcance.
O último míssil terra-ar lançado pelo regime comunista de Pyongyang corresponde a um novo tipo de projétil diferente dos outros que disparou esta semana e tem um alcance de 160 quilômetros, segundo informou a agência sul-coreana "Yonhap".
"O que o Norte lançou desta vez parece ser diferente ao que tinha lançado previamente", disseram à "Yonhap" fontes oficiais da Coreia do Sul, nação que celebrou hoje, ainda comovida, o funeral de Estado do ex-presidente Roh Moo-hyun.
O novo míssil do regime de Kim Jong-il foi lançado por volta das 18h12 (6h12 de Brasília) da base de Musudan-ri, no litoral nordeste do país (província de Hamgyeong), o mesmo lugar de onde no dia 5 de abril foi disparado um míssil de longo alcance.
Na segunda-feira, além disso, a Coreia do Norte realizou seu segundo teste nuclear subterrâneo, quase três anos depois do primeiro de outubro de 2006, e, entre esse mesmo dia e terça-feira, o regime lançou vários mísseis de curto alcance, como desafio às críticas da comunidade internacional.
O teste nuclear, cuja magnitude pôde ser de até 20 quilotons segundo a Rússia e portanto equivalente à bomba atômica de Nagasaki, foi condenada pela comunidade internacional e criticada pela China, principal aliado do regime de Kim Jong-il.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Rússia, França, EUA e Reino Unido) se manifestaram nesta quinta-feira a favor de castigar o teste nuclear norte-coreano com a imposição de novas sanções, previsivelmente mais duras que as adotadas com base na resolução 1718, adotada em 2006.
Hoje, a Coreia do Norte advertiu diretamente a ONU de que a aprovação de novas sanções contra seu teste nuclear da segunda-feira representaria o fim do armistício em vigor desde 1953 na península coreana e de possíveis novas "medidas em defesa própria".
O regime norte-coreano já qualificou de medida de autodefesa o teste nuclear desta segunda-feira perante as forças "hostis" que o ameaçam.
"Uma atividade hostil do Conselho de Segurança da ONU será equivalente à anulação do acordo de armistício da Guerra da Coreia (1950-53)", disse hoje o Ministério de Exteriores norte-coreano em comunicado publicado pela agência oficial "KCNA".
A Guerra da Coreia (1950-1953) nunca teve um tratado de paz, mas com a assinatura de um armistício.
Além do risco geopolítico que traz, o último desafio norte-coreano chegou em um momento em que a Coreia do Sul se despedia de seu presidente anterior.
Muitos milhares de sul-coreanos despediram hoje, entre lágrimas, ao ex-presidente Roh Moo-hyun, que se suicidou no sábado passado quando se encontrava no meio de uma investigação sobre um escândalo de corrupção. Roh governou o país entre 2003 e 2008.
Desde a chegada ao poder do conservador Lee Myung-bak, em fevereiro de 2008, a tensão das duas Coreias tem aumentado e agora as relações entre os dois países vizinhos e inimigos vivem um de seus piores momentos em décadas. EFE
Portal G1