O aquecimento global
já afeta o litoral norte de São Paulo. Além de elevar a maré, o
fenômeno torna mais comuns eventos climáticos extremos. Catástrofes como
deslizamentos e inundações deverão ocorrer com mais frequência na
região. O alerta foi dado pela Rede Litoral, grupo que integra cientistas de diversas instituições no Estado e em Minas.
Paolo Alfredini, da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (Poli-USP), analisou dados registrados
desde 1944 nos marégrafos do litoral norte. Descobriu que a maré baixa
tem crescido sete centímetros por década. Ele não tem dúvidas quanto ao
papel desempenhado pelo aquecimento global nas transformações. E prevê,
para o próximo século, uma taxa de elevação da maré de um centímetro por
ano.
A frequência de chuvas torrenciais
também preocupa. A pesquisadora Graziela Balda Scofield, do Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Cptec-Inpe), reuniu os dados de 1970 a 1999 de sete
pluviômetros distribuídos na região costeira do litoral norte.
Graziela criou um modelo computacional para analisar a evolução
das chuvas e identificou um provável aumento no número de fenômenos de
maior intensidade na região. A pesquisadora afirma que não é possível
atribuir, de forma inequívoca, a mudança ao aquecimento global, embora a
hipótese seja plausível.
Há fortes indícios de uma intensificação
dos fenômenos climáticos. Em Caraguatatuba, o modelo apontou uma
diminuição no número de dias com chuvas no ano, mas a precipitação total
permaneceu estável. Na prática, ocorreram mais eventos com chuva
intensa no ano. Resultados semelhantes foram obtidos para as demais
cidades: São Sebastião, Ubatuba e Ilha Bela. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.