04 dezembro 2008

Zimbabwe decreta situação de "emergência nacional" por causa da epidemia de cólera


O Governo do Zimbabwe colocou o país em situação de “emergência nacional” devido à epidemia de cólera, que já matou 560 pessoas, e pediu um reforço da ajuda da comunidade internacional. O Reino Unido anunciou que vai aumentar as verbas canalizadas às organizações que trabalham no terreno.

“Os hospitais públicos não estão literalmente a funcionar”, “o pessoal está desmotivado” e muitas unidades não têm medicamentos ou material médico básico, admitiu o ministro da Saúde, David Parirenyatwa, dizendo que só com a ajuda das organizações não governamentais e da comunidade internacional será possível “pôr o sistema de saúde novamente a funcionar”.

Ainda na semana passada, o responsável garantia que a situação “estava sob controlo”, apesar do alastramento da epidemia de cólera no país onde, segundo as últimas estatísticas, estão registados mais de 12.500 casos de contágio. Mais tarde, reconheceu que o país precisa de ajuda externa, mas recusou-se a decretar uma situação de emergência sanitária.

Em entrevista ao jornal “The Herald”, Parirenyatwa admitiu que o decreto agora emitido “ajudará a reduzir o número de doentes e de mortos ligados à actual situação sócio-económica”.

O Ministério da Saúde pede uma ajuda urgente de onze milhões de dólares para os hospitais públicos, a que se juntam mais quatro milhões de dólares para comprar produtos químicos para o tratamento de água nos próximos dois meses.

As organizações não-governamentais entendem, contudo, que a declaração de emergência “chega muito tarde”. “Deviam tê-lo feito há duas ou três semanas, quando o número de pessoas que morreram de cólera ainda era baixo, mas mais vale tarde do que nunca”, afirmou Douglass Gwatidzo, presidente da Associação de Médicos para os Direitos Humanos.

Por seu lado, o gabinete de coordenação de ajuda humanitária da ONU confirmou que foi pedido às agências da ONU para duplicarem a ajuda ao país, uma vez que “a epidemia está a assumir proporções nacionais”.

Também o Governo britânico anunciou que vai aumentar a ajuda à sua antiga colónia, “apesar das divergências que subsistem entre a comunidade internacional e o regime de Robert Mugabe”.

“Por uma vez, estamos de acordo com o Governo do Zimbabwe. Trata-se de uma urgência nacional”, lê-se num comunicado do gabinete do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que acusa o regime zimbabweano de “não ser capaz, ou não ter vontade, de proteger o seu próprio povo”.

A África do Sul anunciou também que está a ponderar aumentar a ajuda alimentar e humanitária ao país vizinho, em tempos o celeiro de África, mas que desde as expropriações em massa dos fazendeiros brancos enfrenta uma grave carência de géneros alimentares. A isto acresce uma inflação que atingiu níveis dificilmente calculáveis e uma taxa de desemprego superior a 80 por cento.

Fonte Público Última Hora