06 agosto 2008

Livros que criticam Obama estão entre os mais vendidos nos EUA

Não é só a campanha do candidato republicano à Casa Branca, John McCain, que está dedicando tempo e dinheiro para criticar o democrata Barack Obama. Nesta terça-feira, três livros criticando o senador por Illinois entraram na lista dos 20 mais vendidos nos EUA.

Apesar da pouca cobertura da mídia e menor atenção dos críticos literários, as três obras estão entre os maiores sucessos de vendas do site Amazon.

"Há uma demanda não declarada das pessoas de direita que sentem que a grande mídia está cobrindo efusivamente Barack Obama e não discutindo criticamente sua campanha", diz Marji Ross, presidente e editora da conservadora Regnery Publishing, Inc.

É desta editora o título "The Case Against Barack Obama: The Unlikely Rise and Unexamined Agenda of the Media's Favorite Candidate'" ("O Caso Contra Barack Obama - A Ascensão Improvável e a Plataforma Não Examinada do Candidato Favorito da Mídia"), de David Freddoso, repórter da National Review Online.

O livro de Freddoso, lançado oficialmente nesta terça-feira, saiu com quase 300 mil cópias e já está em 11º lugar na lista dos mais vendidos da Amazon.

Mais do que fazer revelações surpreendentes, aponta o jornalista Sérgio Dávila, da Folha de São Paulo, Freddoso desenha Obama como um político de esquerda. "Na política norte-americana, em que o espectro aceitável pelo eleitor médio se divide em direita, centro-direita e centro, a qualificação equivale a uma sentença de morte nas urnas", escreve Dávila.

Para o autor, o erro de campanha de McCain está em atacar justamente o ponto forte de Obama, o fato de ser uma celebridade mundial ou questões delicadas demais para os eleitores, como a raça do senador e sua a biografia incomum.

O jornalista americano dá a dica ao senador por Arizona. Mostrar Obama como um candidato a favor de maior presença do governo em áreas como saúde e educação, que defende a opção do aborto e é contra o direito de portar armas.

Justamente por ser uma celebridade mundial, os livros de Obama devem continuar por um bom tempo na lista de mais vendidos. "Obama é um assunto fresco, é tudo novidade", explica Peter Osnos, fundador da PublicAffairs que já publicou livros criticando o governo de George W. Bush. "McCain não tem a mesma ressonância, não tem comparação, porque você ainda pode desenhar a visão das pessoas sobre Obama, mas é muito tarde para desenhar a imagem de McCain", completou.

Boatos

Outro dos mais novos sucessos de vendas dos EUA é uma biografia, segundo Dávila, mais folclórica, "mas de dano potencial similar por sua popularidade". O livro "The Obama Nation - Leftist Politics and the Cult of Personality" (A Nação Obama - As Políticas de Esquerda e o Culto à Personalidade, editora Threshold) se baseia nos inúmeros rumores disseminados pela Internet --e insistentemente combatidos pela campanha democrata.

O autor é Jerome Corsi, autor de um livro negativo sobre o candidato democrata de 2004, John Kerry, que ficou quase a campanha presidencial inteira de 2004 na lista dos mais vendidos do "New York Times".

Lançado nesta terça com um total de 375 mil cópias, o livro já está em sexto lugar na Amazon.
A terceira obra anti-Obama é de Dick Morris, ex-assessor do ex-presidente Bill Clinton que, desde o fim do mandato, tem se dedicado a criticar os democratas.

O título de seu livro, que saiu com 210 mil cópias, parece maior do que a obra em si: "Fleeced: How Barack Obama, Media Mockery of Terrorist Threats, Liberals Who Want to Kill Talk Radio, the Do-Nothing Congress, Companies That Help Iran, and Washington Lobbyists for Foreign Governments Are Scamming Us... and What to Do About It" (algo como, "Roubado: Como Barack Obama, Zombaria dos Ataques Terroristas pela Mídia, Liberais Que Querem Matar Rádio, Congresso Que Não Faz Nada, Companhias Que Ajudam o Irã e Lobistas de Washington para Governos Estrangeiros Estão Nos Explorando... E O Que Fazer Sobre Isso").

"Com livros como esse, as pessoas precisam tê-los no minuto em que descobrem que saiu", disse Cal Morgan, vice-presidente da editora HarperCollins que publicou o livro de Morris.

Para Steve Ross, presidente e editor da divisão Collins da HarperCollins, diz acreditar que o sucesso instantâneo destas obras crescerá até as eleições em 4 de novembro, mas não tingirá as milhões de cópias das autobiografias de Obama.

"A leitura de livros anti-Obama é feita por alguém que já tem a mente feita e está procurando por validação, enquanto o leitor de Obama contempla tanto quem já tem a mente feita quanto aqueles que estão curiosos sobre ele", diz Ross.

Fonte Folha Online

Nota: Barack Obama começa a sofrer duras críticas. McCain pode surpreender. Talvez teremos um outro presidente Republicano. Mas não podemos esquecer que Obama é considerado de esquerda.