por Daniel Pipes em 14 de agosto de 2008
Resumo: A florescente aliança entre esquerdistas ocidentais e as fileiras islamistas é um dos mais perturbadores desdobramentos políticos de hoje, o que impede os esforços do Ocidente de proteger-se. © 2008 MidiaSemMascara.org
Por que, então, a formação daquilo que David Horowitz chama de [unholy alliance] “aliança profana” entre esquerda e islamismo? Por quatro razões principais.
Primeiramente, como explica o político britânico George Galloway, “o movimento progressista ao redor do mundo e os muçulmanos têm os mesmos inimigos”, ou seja, a civilização ocidental em geral e os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e Israel em particular, mais os judeus, os cristãos e os capitalistas internacionais. No Irã, de acordo com o analista político Saeed Leylaz, “o governo praticamente permitiu o funcionamento da esquerda desde há cinco anos, de modo a que confrontassem religiosos liberais”.
Percebam estas palavras intercambiáveis: Harold Pinter descreve os Estados Unidos como “um país dirigido por um bando de lunáticos criminosos” e Osama Bin Laden chama o país de “injusto, criminoso e tirânico”. Noam Chomsky denomina os EUA como um “dos principais estados terroristas” e Hafiz Hussain Ahmed, um líder político paquistanês, considera os Estados Unidos “o maior estado terrorista”. A expressão desses atributos tão semelhantes é suficiente para convencer aos dois lados a deixar de lado suas muitas diferenças em favor da cooperação.
Em segundo lugar, os dois lados partilham de alguns objetivos políticos. Uma gigantesca demonstração conjunta em 2003, em Londres, contra a guerra contra Saddam Hussein simbolicamente forjou a aliança. Ambos os lados querem: que as forças da coalizão percam no Iraque, que a Guerra a Terror se encerre, que o antiamericanismo se espalhe e que Israel seja eliminado. Eles concordam em relação ao multiculturalismo e à imigração em massa para o Ocidente. Eles cooperam quanto a esses objetivos em reuniões tais como a anual Conferência Antiguerra do Cairo, que congrega esquerdistas e islamistas para “forjar uma aliança internacional contra o imperialismo e o sionismo”.
Em terceiro, o islamismo tem laços históricos com o marxismo-leninismo. Sayyid Qutb, o pensador islamista egípcio, aceitou a noção marxista de etapas da história, acrescentando apenas um pós-escrito islâmico a elas; ele previu que uma era islâmica eterna viria após o colapso do capitalismo e do comunismo. Ali Shariati, o intelectual chave por detrás da revolução iraniana de 1978-79, traduziu para o farsi (língua iraniana) Franz Fano, Che Guevara e Jean-Paul Sartre. De maneira mais ampla, o analista iraniano Azar Nafisi observa que o islamismo “toma a sua linguagem, objetivos e aspirações tanto das mais crassas formas de marxismo quanto o faz da religião. Seus líderes são influenciados por Lenin, Sartre, Stalin e Fanon, tanto quanto o são pelo Profeta”.
Saindo da teoria para a realidade, os marxistas vêem nos islamistas uma estranha realização de suas profecias. Marx previu que os lucros dos empreendimentos iriam entrar em colapso nos países industriais, levando os patrões a espremer os trabalhadores; o proletariado se empobreceria, se rebelaria e estabeleceria uma ordem socialista. Mas, ao invés disso, o proletariado dos países industriais tornou-se cada vez mais afluente, e seu potencial revolucionário murchou. Por um século e meio, observa o autor Lee Harris, os marxistas esperaram em vão pela crise do capitalismo. Então surgiram os islamistas, começando com a revolução iraniana, seguida do 11 de setembro e de outros ataques ao Ocidente. Finalmente o Terceiro Mundo tinha começado sua revolta contra o Ocidente, realizando as previsões marxistas – ainda que sob a bandeira errada e com objetivos imperfeitos. Olivier Besancenot, um esquerdista francês, vê os islamistas como os “novos escravos” do capitalismo e pergunta se não seria natural que “eles se unissem à classe trabalhadora para destruir o sistema capitalista”. Numa época em que o movimento comunista está em “decadência”, observam o analista Lorenzo Vidino e o jornalista Andrea Morigi, as “Novas Brigadas Vermelhas” da Itália de fato reconhecem o “papel principal dos clérigos reacionários”.
Em quarto lugar, poder: islamistas e esquerdistas podem obter mais juntos do que poderiam separadamente. Na Grã-Bretanha, eles formaram em conjunto a Coalizão “Pare a Guerra”, cujo comitê diretor inclui representação de organizações tais como o Partido Comunista da Grã-Bretanha e a Associação Muçulmana da Grã-Bretanha. O Respect Party britânico mistura socialismo radical internacional com ideologia islamista. Os dois lados juntaram forças nas eleições do Parlamento Europeu de março de 2008 para oferecer listas comuns de candidatos na França e Grã-Bretanha, disfarçadas sob nomes de partidos que pouco revelavam.
Os islamistas beneficiam-se particularmente do acesso, da legitimidade, da experiência e do poder de fogo que a esquerda lhes oferece. Cherie Booth, mulher do então primeiro-ministro Tony Blair, defendeu um caso na Corte de Apelação para ajudar uma garota, Shabina Begum, a poder usar o jibab, uma vestimenta islâmica, numa escola pública britânica. Lynne Stewart, uma advogada esquerdista, infringiu a lei americana e foi para prisão por ajudar Omar Abdel Rahman, o sheik cego, a fomentar a revolução no Egito. Volkert van der Graaf, um fanático dos direitos dos animais, matou o político holandês Pim Fortuyn porque queria impedi-lo de transformar os muçulmanos em “bodes expiatórios”. Vanessa Redgrave custeou metade das £50,000 de fiança a fim de que Jamil el-Banna, um suspeito detido em Guantánamo, acusado de recrutar jihadistas para lutar no Afeganistão e Indonésia, pudesse sair repentinamente de uma prisão britânica; Redgrave descreveu sua ajuda como “uma profunda honra”, a despeito de ele ser procurado na Espanha por acusações relacionadas a terrorismo e de laços com a Al Qaeda. Numa escala maior, o Partido Comunista Indiano fez o trabalho sujo por Teerã ao atrasar por quatro meses o lançamento, a partir de uma base indiana, do TecSar, um satélite espião israelense. E os esquerdistas fundaram o Movimento Internacional de Solidariedade, para evitar que as forças de segurança de Israel protejam o país contra o Hamas e outros grupos terroristas palestinos.
Escrevendo na revista inglesa The Spectator, Douglas Davis chama a coalizão de “uma dádiva para os dos lados. A esquerda, antes um minguante bando de comunistas, trotskistas, maoístas e castristas, estava se agarrando aos restos de uma causa gasta; os islamistas poderiam fornecer multidões e paixão, mas precisavam de um veículo que lhes desse um ponto de apoio no terreno político. Uma aliança tática tornou-se um imperativo operacional”. De maneira mais simples, um esquerdista britânico concorda: “Os benefícios práticos de trabalharmos juntos são suficientes para compensar as diferenças”.
A florescente aliança entre esquerdistas ocidentais e as fileiras islamistas é um dos mais perturbadores desdobramentos políticos de hoje, um que impede os esforços do Ocidente de proteger-se. Quando Stalin and Hitler firmaram seu infame pacto em 1939, a aliança Vermelho-Parda apresentava um perigo mortal para o Ocidente e, na verdade, para a civilização como tal. Com menos dramaticidade, mas com não menos certeza, a coalizão de hoje apresenta a mesma ameaça. Tanto quanto há sete décadas, esta precisa ser revelada, rejeitada, resistida e derrotada.
Fonte Mídia Sem Máscara
Nota: Sobre este tema sugiro a leitura do post A ameaça da aliança profana. Estamos no limiar da última guerra descrita em Daniel 11. Pois o início de Daniel 12 é o nosso resgate.