12 agosto 2009

"CARITAS IN VERITATE": UMA BÚSSOLA PARA REDEFINIR O SISTEMA ECONÔMICO MUNDIAL

Cidade do Vaticano, 11 ago (RV) - A crise econômica deve tornar-se uma "ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação. Com esta chave, feita mais de confiança que resignação, convém enfrentar as dificuldades da hora atual": essa é uma das passagens da nova encíclica de Bento XVI, "Caritas in veritate", na qual o papa evidencia a necessidade de projetar novamente o caminho da economia mundial às presas com uma das piores crises da história.

Diante dessa situação de crise econômica, justamente a encíclica social do pontífice pode tornar-se uma bússola para reorientar a economia no caminho da realização de um humanismo integral.

É o que ressalta o presidente do "Banco Ético" italiano, Fabio Salviato, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Fabio Salviato:- "Indubitavelmente, a encíclica "Caritas in veritate" representa uma bússola que pode nos iluminar nesta fase de identificação de um novo sistema econômico e financeiro."

P. O Santo Padre encoraja uma "civilização da economia" e chama a atenção para o fato que na era da globalização não se pode mais pensar num sistema fundado exclusivamente no binômio Estado-mercado. A esse propósito, qual a sua reflexão, em particular, sobre o papel da sociedade civil?

Fabio Salviato:- "Sim, é extremamente importante. A encíclica evidencia estes três pilares fundamentais sobre os quais se deve basear um novo sistema econômico e financeiro: Estado-mercado-sociedade civil. Um convite à sociedade civil a fim de que realmente represente um setor novo, inovador, mas que sirva também de estímulo, de difusão, de comunicação, de "contágio" em relação aos elementos de valores que representam esse vasto e variado sistema da sociedade civil. Portanto, um reconhecimento, como também um estímulo muito importante para a sociedade civil, a fim de que se torne um elemento central sobre a nova redefinição de um sistema econômico-financeiro.

"P. A "Caritas in veritate" ressalta que a economia precisa da ética para o correto funcionamento, mas também – acrescenta o papa – "de uma ética amiga da pessoa". Como concretizar essa exortação?

Fabio Salviato:- "É importante aplicar a ética à pessoa. A grande novidade é que se trata de uma transformação cultural sobre a centralidade da pessoa. Portanto, mediante a resposta às necessidades da pessoa, a luta contra a pobreza, o respeito pelo ambiente caminha rumo uma redefinição desse sistema econômico e financeiro."

P. Um dado particular é que a "Caritas in veritate" já é um best-seller, lido com atenção por líderes políticos e também por agentes financeiros no mundo inteiro. De fato, a Doutrina Social da Igreja é sempre fecunda e atual...

Fabio Salviato:- "Creio que o Santo Padre nos tenha dado realmente não somente uma iluminação, mas também um presente, uma bússola, para os agentes econômicos; e não só: para quem tem responsabilidade no mundo da política, no mundo das finanças, da sociedade civil, representa um ponto de referência central e dá indicações – ousaria dizer – quase de caráter técnico sobre como deverá ser construída, ou reconstruída, após esta fase de crise, de dificuldade, o novo sistema econômico-financeiro. Portanto, indubitavelmente um documento de referência para quem crer, mas também para quem não crer: um convite à unidade, a interrogar-se, a redefinir a situação atual de um sistema que luta pela maximização do lucro e que, ao mesmo tempo, deve inserir esse lucro dentro de critérios éticos, em todo o sistema econômico financeiro." (RL)

Fonte Radio Vaticana

Nota: Esta nova Encíclica veio de maneira proposital, as declarações quanto a ela são fortes e, ao que parece, deverá mover aqueles que têm o poder de decisão para começar a tomar as medidas que Bento de XVI estimula.