Os dois maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa
no planeta, China e Estados Unidos, anunciaram na quarta-feira 12 um
acordo "histórico". O presidente americano Barack Obama e o
chinês Xi Jinping se comprometeram em Pequim a avançar nas negociações
climáticas, um ano antes da conferência do clima de Paris, da qual se
espera um acordo global.
O acerto foi recebido com alívio pelos cientistas, mas
com ceticismo pelos republicanos americanos, que o consideram uma ameaça
à criação de empregos. Para Obama este é um "acordo histórico" e o "maior marco nas relações" entre os dois países. "Concordamos em assegurar que as negociações sobre a mudança climática alcançarão um acordo em Paris", afirmou Xi.
As tentativas de alcançar um acordo contra o aquecimento global,
sobre o qual os cientistas alertam que o planeta está próximo de um
ponto catastrófico sem retorno, foram bloqueadas até agora pela falta de
vontade da China e dos Estados Unidos de trabalharem juntos no
problema.
Esta é a primeira vez que a China estabelece como objetivo alcançar o
teto nas emissões "por volta de 2030", com a intenção de "tentar
atingi-lo um pouco antes". Até agora, o país sempre mencionava "o mais
rápido possível".
Obama, que enfrenta uma reação que vai do ceticismo à negação total
do aquecimento global no Congresso americano, se comprometeu a reduzir
entre 26% e 28% as emissões até 2025, na comparação com os níveis de
2005. "Temos uma responsabilidade especial para liderar o esforço
mundial contra a mudança climático", disse Obama em uma entrevista
coletiva conjunta com Xi. "Esperamos estimular todas as economias para que sejam mais ambiciosas", disse.
China e Estados Unidos, que produzem juntos quase 45% do dióxido de
carbono mundial, serão vitais para garantir um acordo mundial no próximo
ano para reduzir as emissões depois de 2020 e limitar o aquecimento
global a 2°C.
A comunidade internacional estabeleceu a meta para evitar problemas
em grande escala no clima, o que significaria uma redução dos recursos,
conflitos, a elevação do nível dos oceanos e a extinção de espécies,
entre outros efeitos nocivos. Mas o tempo é cada vez mais curto,
já que segundo os cientistas as medidas adotadas pelos países são
insuficientes para limitar a dois graus o aumento da temperatura global.
Durante muito tempo, os dois países trocaram acusações para não
reduzir as emissões dos gases que provocam o aquecimento do planeta. Depois
que reunião de cúpula do clima de Copenhague de 2009 esteve a ponto de
terminar em um grande fracasso, mas que foi salva no último minuto
graças a um entendimento entre Obama e as autoridades chinesas da época,
Washington e Pequim começaram a trabalhar no acordo anunciado nesta
quarta-feira.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou o acordo China-EUA de
"importante contribuição" à luta mundial contra o aquecimento global. "É uma importante contribuição ao novo acordo sobre o clima que deve ser assinado no próximo ano em Paris", disse Ban. "Peço a todos os países, e sobretudo às grandes economias, que sigam o exemplo da China e dos Estados Unidos", completou.
Christiana Figueres, secretária da Convenção Marco da ONU sobre a
Mudança Climática, aplaudiu o anúncio que dá "uma empurrão prático e
político" às negociações.
O Instituto de Recursos Mundiais, um grupo de defesa do meio ambiente
com sede nos Estados Unidos, considerou o acordo Obama-Xi um avanço
importante, que abre um novo período. Entretanto, noa
parte das ações de Obama para combater as mudanças do clima aconteceram
com decretos presidenciais, sem tanta cooperação dos congressistas.
O prazo estabelecido por Obama com o novo compromisso é de pelo menos
uma década, mas ele tem apenas mais dois anos de presidência. Agora
ele enfrenta a oposição republicana em maioria na Câmara e no Senado, o
que tornará ainda mais difícil aprovar qualquer lei de defesa do meio
ambiente. O novo líder republicano do Senado não demorou a reagir ao acordo. "Este é um plano pouco realista, que o presidente quer deixar para o sucessor", disse Mitch McConnell. Para o republicano, o plano afetará a criação de novos postos de trabalho e o custo da energia.
A União Europeia, que representa 11% das emissões de gases do efeito
estufa, se comprometeu no mês passado a reduzir em pelo menos 40% as
emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990.
Fonte Carta Capital