No intervalo de 365 dias, a capital paulista registrou dois recordes extremos. Enquanto em 2007 o mês de julho foi o mais chuvoso das últimas três décadas, com índice pluviométrico acumulado em 130,4 milímetros, neste ano o mesmo mês, que termina hoje, teve o registro mais seco de todos os tempos. A ausência até de garoa culminou no registro "zero" de chuva, estiagem inédita em São Paulo desde 1943, quando as medições começaram.
Sem chuva para dispersar os gases tóxicos, a qualidade do ar paulistano foi afetada. Os dados da Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) mostram que 20 dos 31 dias do mês foram desfavoráveis à dispersão dos poluentes. O número atual supera em 57,8% as 11 notificações de julho do ano passado, quando o clima estava menos árido. E a situação só deve melhorar no sábado, dia em que uma frente fria chega à cidade, conforme previsões do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
São duas as explicações para que prevaleça um clima desértico. "A primeira é o fenômeno ambiental", observa o técnico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Marcelo Schneider. "É comum as chuvas serem esporádicas, mas neste ano as frentes frias estão fracas e não conseguiram vencer o bloqueio da densa massa de ar seco." Além do fator climático, também existe a contribuição arquitetônica, segundo a geógrafa Helena Ribeiro, do Departamento Ambiental da Faculdade de Saúde Pública. "O homem provocou a aridez urbana ao construir tantos prédios, pavimentar a vegetação e destruir os lagos, características que influenciam na questão do tempo seco."
Ontem, mais uma vez a baixa umidade relativa do ar castigou a capital paulista. Entre 14 e 16 horas, o índice ficou em 25%, marca inferior ao mínimo de 30% estipulado pela Organização Mundial de Saúde para não provocar danos. O tempo seco ainda abre espaço para crises respiratórias e alérgicas e problemas de pele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.