O número de mortos causados pelas fortes chuvas que vêm castigando o Paquistão há mais de uma semana ultrapassou ontem a marca de 1.100. Equipes de resgate trabalhavam para tentar salvar mais de 27 mil pessoas isoladas pelas enchentes, enquanto funcionários do governo alertavam para o risco de epidemias por causa das precárias condições das áreas afetadas, no noroeste paquistanês.
De acordo com dados do governo, pelo menos 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pela inundação, considerada a pior da história do país. A tragédia ocorre em um momento complicado para o Paquistão, que vem sofrendo com uma fraca economia e uma sangrenta guerra contra os insurgentes do Taleban.
O governo paquistanês enviou 43 helicópteros e mais de 100 barcos para ajudar nos trabalhos de resgate. Os EUA, a China e a Comissão Europeia também anunciaram o envio de ajuda humanitária. No entanto, apesar de todo o esforço das autoridades, o número de vítimas ainda pode aumentar porque as equipes de resgate ainda não têm acesso a algumas das áreas afetadas. "O número de mortos pode chegar a 3 mil porque a destruição foi enorme", afirmou Mujahid Khan, porta-voz dos serviços de resgate.
A Província de Jiber Pajtunjua (antes conhecida como Província da Fronteira do Noroeste), próxima das zonas tribais, foi uma das mais atingidas pelas chuvas. Imagens de TV e fotografias aéreas mostravam cenas de devastação, com pessoas procurando refúgio no telhado de construções e algumas tentando agarrar o que podiam para não ser arrastadas pela forte corrente de água.
Epidemias. O risco de as doenças se espalharem entre os afetados pelas enchentes é uma das principais preocupações das autoridades locais. Ontem, foram registrados os primeiros casos de cólera entre os resgatados.
"Temos agora um perigo real de que doenças como diarreia, alergias de pele e cólera espalhem-se na região", afirmou Shaharyar Bangash, chefe de operações do grupo humanitário World Vision.