Estudo prevê um aumento de 50% nas possibilidades de guerra civil na África, em 2030
Ao receber seu prêmio Nobel da Paz, Barack Obama declarou que as mudanças climáticas irão “gerar mais conflitos nas próximas décadas”. Ele não recebeu essa análise de ambientalistas, mas sim de um grupo de generais americanos. Cleo Paskal, do Royal Institute of International Affairs de Londres, prevê que enchentes, tempestades e o colapso da agricultura indiana trarão consequências na geopolítica, na economia e na segurança. Segundo ela, “o mundo do futuro parece caótico e violento”.
Visões quase apocalípticas do futuro têm preenchido as prateleiras das livrarias nos últimos meses, e Jeffrey Mazo, do International Institute for Strategic Studies, também de Londres afirma que as mudanças climáticas são uma ameaça existencial, que pode levar ao colapso dos Estados e a conflitos internos em locais como a África. No entanto, poucos fatos corroboram essas opiniões alarmantes, então cientistas que preparam o quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas incluíram pela primeira vez um capítulo dedicado às ameaças à segurança. Uma tentativa prévia surgiu mês passado durante uma conferência na Noruega, sob a tutela do Peace Research Institute, em Oslo.
Uma das ideias encontram na história outras ocasiões em que mudanças ambientais foram acompanhadas de manifestações políticas, sociais ou militares. Secas nas estepes asiáticas levaram os povos a migrar em direção ao oeste, o que resultou nas invasões bárbaras ao Império Romano. Fome e seca decretaram o fim da civilização maia e um súbito esfriamento acabou com as primeiras colônias da Groenlândia. Os “dust bowls” – grandes tempestades de areia – foram responsáveis pela migração de mais de dois milhões de norte-americanos nos anos 1930.
Esses exemplos são bastante relevantes para a situação africana, um continente onde três quartos da população dependem de plantações irrigadas diretamente pelas chuvas, o tipo mais vulnerável às mudanças climáticas. O aumento nas temperaturas – a média africana subiu 0.5° nos últimos 50 anos – também foi associado a colapsos na agricultura, declínio econômico e aumento na possibilidade de conflitos. Um estudo realizado por Marshall Burke, da Universidade da Califórnia prevê um aumento de 50% nas possibilidades de guerra civil na África, em 2030.
Fonte Opinião e Notícia